‘Uma Casa à Beira-Mar’ metáfora de resistência e resiliência

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‘Uma Casa à Beira-Mar’ metáfora de resistência e resiliência

Por | 2018-08-03T03:22:23-03:00 22 de julho de 2018|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Uma Casa à Beira-Mar (La Villa/The House by the Sea) (Drama); Elenco: Ariane Ascaride, Jean-Pierre Darrousen, Gerard Meylan; Direção: Robert Guédiguian; França, 2017. 107 Min.

Dirigido por Robert Guédiguian o filme francês “Uma Casa à Beira-mar” versa sobre questões familiares e, através delas, aborda visões diferentes de mundo, de épocas e de seus valores. Das relações humanas às econômicas e políticas, sem entrar em detalhes conceituais, apenas mostrando como essas coisas se misturam ao nosso cotidiano sem que percebamos. Através de códigos comportamentais abarca dos anos 80 aos nossos dias tem-se a visão da constituição de um espaço como lar e do espaço como objeto de especulação imobiliária; a questão da manutenção de costumes e a inserção de outras culturas através do movimento imigrante. Tudo isso costurado pelo movimento da vida, da humanidade, da solidariedade, da resistência em algum aspecto e da aceitação em relação a outro, finalizando com a consideração de que a vida continua, mas sempre diferente do que era.

Maurice (Fred Ulisses) construiu com os amigos Martin (Jacques Boudet) e Suzanne (Geneviéve Mnich) ua vila numa enseada. Um lugar familiar e de exercício de cuidado, de solidariedade e de cooperação, que eram os valores do bem viver. Quando Maurice sofre um AVC seus filhos são chamados para resolver questões patrimoniais. Angéle (Ariane Ascaride), Joseph (Jean-Pierre Darrousin) e Armand (Gerard Meylan). Ela, uma atriz famosa que há muito não voltava à casa dos pais; aquele um professor aposentado com sua namorada muito jovem, Berangére (Anaïs Demausther) e este, o dono do restaurante que fica embaixo da casa do pai. A partir dessa reunião depois de tantos anos de distância se lembram de bons e maus momentos familiares,  da diferença entre as épocas dentro de um conetxto de especulação imobiliária e vivem o momento europeu de movimentação imigrante. Misturado a tudo isso o roteiro de Serge Valletti dee “O fio de Ariane” (2014) e o próprio diretor montam um painel de mudanças de paradigmas, econômico e de relações familiares e comportamentais. Com um viés de resistência e humanidade misturado a um cotidiano que é comum a qualquer um de nós, traz uma mensagem de resiliência espetacular (atenção à última cena).

Roberto Guédiguian é um duretor francês conhecido por “As Neves do Kilimanjaro” (2011) e premiadoem festivais importantes no métier e que tem uma abordagem bastante subjetiva, sempre com os pés no cotidiano. Com uma fotografia plácida assinada por Pierre Melon de “Entre os Muros da escola” (2008) o longa-metragem “La Villa” (no original) leva o espectador a uma viagem sobre valores familiares e sociais, sobre equívocos de interpretação do que a vida traz com seus imprevistos e tragédias. Além do roteiro o que se destaca são as interpretações que têm um viés de silêncios e ‘times’  que dizem mais que mil palavras.

Vencedor do Signis Award do Festival de Veneza p filme é uma pérola sobre relações humanas e familiares. Sem exageros e explicações, mostra que menos é mais. “Uma Casa à Beira-Mar” vai das micro-discussões cotidianas às macro-discussões sociais sem ser chato ou conceitual. Passeia pelas interferências dessas esferas na vida dos indivíduos e vaticina que tudo tem solução,que a vida continua com novas nuances, sem ser piegas. Sensacional!

 

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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