Uma Mulher Fantástica (Una Mujer Fantástica) (Drama); Elenco: Daniela Vega, Francisco Reyes, Luis Gnecco; Direção: Sebastián Lelio; Chile/Alemanha/Espanha/EUA, 2017. 104 Min.
Vencedor do Urso de prata de melhor roteiro no Festival de Berlim “Uma Mulher Fantástica” conta a história de um momento na vida de Marina Vidal (Daniela Vega). Uma mulher trans que se vê privada de seu espaço, de seus direitos e de seu cotidiano no apartamento onde vivia com seu companheiro, depois de seu falecimento. Partindo de um argumento simples, Sebastián Lelio e Gonzalo Maza abordam a intolerância de uma sociedade hipócrita, de forma discreta e sensível. Em que os silêncios falam mais do que mil palavras. Mas, o fazem de forma definitiva.
Marina Vidal é uma mulher trans que vive com Orlando (Francisco Reyes), um homem de meia idade que já havia sido casado e constituíra uma família tradicional. Após seu falecimento a família se apodera de seu patrimônio e cerceia a liberdade de Marina. O longa-metragem é de uma meticulosidade na abordagem dos diversos tipos de agressões pelas quais passam os transsexuais. Desde a forma de tratamento cotidiano e abordagem de questões íntimas, até a transfobia esculpida e escarrada.
A atriz que interpreta Marina é Daniela Vega, uma mulher trans, cantora lírica conhecida por “La Visita” (2014). Daniela deu conta do recado com uma atuação silenciosa e magistral que deixa por conta do espectador aquilo que se sente. Ou seja, fomenta a empatia por osmose. Dividindo o enquadramento com Francisco Reyes de “Neruda” (2016) a atriz trans está em todas a telonas dos cinemas cult depois da premiação em Berlim e dnum trabalho produzido por Pablo Larrain.
Sebastián Lelio, diretor e roteirista, conhecido por “Gloria” (2013) fez um trabalho de orientação sutil e cuidadoso com ênfase nos olhares, sem abordagens de submundo ou de aspectos específicos de exercício de sexualidade. O viés é de um cotidiano pertencente a qualquer um: as relações sociais, afetivas, familiares e de direitos; os mais sagrados: o de se despedir de um ente querido e de exercício livre e privado de sua sexualidade. Realista, “Uma Mulher Fantástica” é uma produção chilena em co-produção com Alemanha e Espanha que soa universal.
Reblogged this on Blog do Rogerinho.