Nebraska

Por | 2014-02-08T23:51:12-03:00 8 de fevereiro de 2014|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Nebraska. (Aventura/drama); Elenco: Bruce Dern, Will forte, June Squibb; Diretor: Alexander Payne. USA, 2013. 115 Min.

Como começamos a  vida, assim a  terminamos, pirracentos e dependentes. Na juventude e vida adulta, lutar pelo que se quer chama-se assertividade e persistência, na velhice, passa a ser turronice e teimosia.

Assim o filme Nebraska  de Alexander Payne nos transporta para o mundo da senilidade.  Com os registros bem marcados da forma com a qual o idoso vê a vida, o cotidiano já mastigado pelo tempo e ligado no automático, as lembranças, o passado, a diferença de perspectiva em relação à tudo isso.

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O cinema tem dado uma atenção especial a essa fase da vida humana. Só para citar:Tomates verdes fritos (Fried green tomatoes, John Avnet, 1991); História Real (The Straight Story, David Lynch, 1999); Amor (Amour, Michael Haneke, 2012); Ela vai (Elle s’en va,  Emmanuelle Bercot, 2013). Todos filmes que têm o processo de envelhecimento como questão central em sua trama.

Nebraska  é a história de Woody Grant (Bruce Dern) de Django Livre (2012), que numa idade avançada vai em busca de um prêmio de um milhão de dólares que acredita ter ganhado, numa viagem de nada mais nada menos que mil de duzentos quilômetros, de Montana à cidade de Lincoln no estado de Nebraska, passando por Dakota do norte e do sul. No meio do caminho passa pela sua cidade natal Hawthorne e revê seus amigos de juventude, ex-namorada, enfim faz uma viagem no tempo acompanhado de seu filho David (Will Forte) de Saturday Night Live (1975) que começa a conhecer o pai desconhecido de uma vida inteira, descobre os equívocos e  motivos pelos quais se orgulhar. Enfim, um American road comedy.

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O diretor Alexander Payne  é conhecido por Sideways (2004) The descendants (2011), premiado , optou pelo cinemascope em preto e branco para a realização da película, o que acentuou a noção de lentidão e pasmaceira tão comum no interior/rural e no apagar das luzes da existência, em que a graça está na invenção e não na realidade.

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O filme concorre ao Oscar 2014 em seis categorias,melhor filme, melhor diretor, melhor ator (Bruce Dern), melhor atriz coadjuvante (June Squibb), melhor roteiro original e melhor fotografia. Fora as indicações que são inúmeras. (aqui!)Bruce Dern já foi agraciado no Festival de Cannes como melhor ator. É um trabalho artístico estupendo e uma história comum, como a de todos nós.

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Nebraska é uma obra cinematográfica que nos leva a refletir sobre a existência humana, suas perspectivas e os viventes com suas construções parciais de interesses e o quanto vale a pena ou não ailusão. Emocionalmente equilibrado, se ri bastante, mas também, tem espaço para as lágrimas que não são, necessariamente, de tristeza, mas de constatação. É sobre dignidade na velhice. Excelente!

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Sobre o Autor:

Crítica cinematográfica, editora do site Cinema & Movimento, mestre em educação, professora de História e Filosofia e pesquisadora de cinema. Acredito no potencial do cinema para fomentar pensamento, informar, instigar curiosidades e ser um nicho rico para pesquisas, por serem registros de seus tempos em relação a indícios de mentalidades, nível tecnológico e momento histórico.

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