‘Vice’ um diamante político

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‘Vice’ um diamante político

Por | 2019-01-29T03:56:04-03:00 28 de janeiro de 2019|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Vice(Biografia/Comédia/Drama);Elenco:Christian Bale, Amy Adams, Steve Carell, Sam Rockwell;Direção:Adam McKay; USA, 2018. 132 Min.

Com um narrador inusitado e uma história mais inusitada, ainda, na sua forma de conta-la, “Vice” fala sobre a jornada de ascensão ao poder de Dick Cheney, ex vice-presidente americano da era George W. Bush Jr. Adam Mckay que, dirigiu e roteirizou o longa, usa um compêndio de metáforas ácidas e procedentes, um tom irônico de humor sofisticado e ferino para contar um pedaço da história política dos EUA.

Dick Cheney (Christian Bale) é visitado em sua trajetória política e de nuances de personalidade desde sua cidade natal Wyoming até sua estada na Casa Branca, em Washington D.C, como vice-presidente de George W. Bush Jr (Sam Rockwell). McKay faz um passeio pelos corredores da Casa Branca no melhor estilo “House of Cards”. A radiografia é a da sagacidade do casal Cheney e de sua escalada ao poder. A veia cômica dessa saga política é posta na edição e na narrativa tragicômica do narrador que, quebra a quarta parede e conversa com o espectador. Ambas são para serem aplaudidas.

Adam McKay é um diretor que tem um veio político extraordinário que conta histórias com mil conexões inteligentes, de forma acelerada – haja atenção para acompanhar – e irônica. Foi assim em “A Grande Aposta” (2015) que também dirigiu e roteirizou. Suas redes de significações no nicho são extraordinárias e sua forma quase didática e debochada fazem a diferença em seu estilo. Não será a primeira vez que filmes com essa pegada disputam a maior premiação do cinema mundial e na principal categoria. “A Grande Aposta” e “Spotlight” (2015) são exemplos recentes dessa preferência da Academia de Ciências e Artes Cinematográfica americana misturados aos enlatados comerciais .

Dick Cheney e Christian Bale

“Vice” tem como destaques a atuação de Christian Bale, que está sensacional e muito parecido com Cheney; a maquiagem de Greg Cannom, Kate Biscoe e Patrica DeHaney; a forma narrativa da edição de Hank Corwin de “De Canção em Canção” (2017) e o viés metafórico poderoso e ousado do roteiro de McKay. Lembrando que um dos produtores é Brad Pitt que, em mais uma seara se mostra mais que um rostinho bonito em Hollywood. Ao contrário de Leonardo DiCaprio na produção de “Hobin Hood: A Origem” (2018), Pitt acertou em cheio numa produção inteligente, bem feita, bem costurada, para não dizer genial, dentro do nicho de abordagem política.

“Vice” não é um filme sobre um político, “Vice” é um filme sobre a política norte-americana, sobre a ambição ao poder, sobre as consequências de ações políticas – ali estão narradas as origens do ISIS -; sobre a natureza humana nas relações gregárias. É uma excelente pedida para quem gostou de “A Grande Aposta” e Spotlight”. Em relação ao Oscar “A Favorita” é muito bom em figurino, roteiro e direção de arte. “Roma” é excelente na produção artística; mas, “Vice” é completo. Lembremos que o Oscar é uma festa da indústria mas, também é político. Seja para por em evidência ou para tirar de evidência. Logo, os dados estão lançados, agora é torcer. Que vença o mais necessário. Boa sessão!

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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