Villages Visages (Faces places) (Documentário); participações: Jean-Paul Beujon, Amaury Boussy, Jeannine Carpenter, Yves Boulen; Direção: JR e Agnès Varda; França, 2017. 89 Min.
O cinema se presta a tudo dependendo das mão que estão com a câmera e de quem grita…Corta! No caso de “Lugares e Rostos” em tradução livre, isso é ótimo. O longa-metragem se propõe a registrar e materializar memórias. Não qualquer memória, somente as boas. Com esse intuito saem estrada afora a vanguardista da Nouvelle Vague Agnès Varda (89) e o fotógrafo e muralista J.R (33) sem lenço, sem documento e sem roteiro, entregues ao acaso e ao que encontrarem. O que eles acabam fazendo é fomentar alegria, boas lembranças, deixando delas o registro. Dão uma festa numa cidade fantasma, agitam duas fazendas de cabras, visitam uma vila de mineiros, uma fábrica e içam 3 mulheres a condição de totens num cais de porto, numa aventura gostosa de acompanhar. Mas não é só isso, Agnès e JR quebram a estrutura padrão do gênero documentário.
Agnès Varda é uma cineasta e fotógrafa belga, radicada na França, mais conhecida por seu filme “As Duas Faces da Felicidade” (1965) apesar de seus outros 51 créditos ao longo da carreira. Suas abordagens são sobre o feminismo, o social, e sobre a realidade do documentário. Filha da escola francesa que quebrou paradigmas na História do cinema, não é nenhuma surpresa ver Agnès Varda aos 89 anos faceira fazendo arte. Já JR é um fotógrafo relativamente jovem, conhecido pelo documentário “Womens are Heroes”(2010). E essa parceria ficou linda. A expressão é essa mesmo, não é um adjetivo fantasia ou comum por falta de palavra mais adequada. É lindo ver o cuidado dos dois um com o outro enquanto trabalham. O zelo e o companheirismo saltam a tela.
“Villages Visages” está indicado ao Oscar na categoria e Agnès Varda receberá o Oscar honorário pelo conjunto da obra na 90ª edição do Oscar. E assim, será a primeira mulher a receber um Oscar honorário em toda a História da premiação. Agnès foi homenageada na 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, e seu filme recebeu muitos prêmios mundo afora: o Olho de Ouro no Festival de Cannes; o Eye of Honors do Cinema Eye of Honors Awards; o Âncora de Ouro no Haifi International Film Festival; o prêmio da audiência no Mill Valley Film Festival; o prêmio Allan King de documentário da Associação de críticos de Toronto e o prêmio de documentário popular do Festival de Vancouver. E por falar em Associação de críticos, o longa abocanhou o prêmio de melhor documentário nas associações de Austin, Boston, Ohio, Denver, Indiana, Iowa, Los Angeles, New York, San Francisco, Seattle e da Associação Nacional americana. Logo, uma jornada e tanto compatível com o Oscar.
Para fechar, “Villages Visages” é uma celebração da vida, da amizade, da arte e da mortalidade. Além de quebrar completamente a estrutura do gênero documentário. Um Show!
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