Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos

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Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos

Por | 2018-06-17T00:22:34-03:00 4 de junho de 2016|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos (Warcraft) (Ação/Aventura/Fantasia); Elenco: Travis Fimmel, Ben Foster, Dominic Cooper, Ben Schnetzer, Paula Patton; Direção: Duncan Jones; USA/China, 2016. 123 Min.

O filme de Duncan Jones é oriundo do universo dos jogos de vídeo-games “Warcraft” que nasceu na década de 90. Inspirado no mundo de J.R.R Tolkien em que humanos e elfos lutam contra orcs e trolls, o filme deu origem a dois livros: “Warcraft: Durotan” – prequel* – e “Warcraft” escritos por Christie Goldie, uma jogadora compulsiva da saga. A aventura, hoje, é um dos mais populares jogos de interpretação de personagens on-line e em massa para múltiplos jogadores (MMORPG) e tem como produção literária a partir dos jogos: “Marés de Guerra”, “Sombras da Horda” e “A Ruptura”. Ou seja, fazendo o caminho inverso da adaptação literária, em que primeiro um livro vira filme para depois se tornar um jogo, o universo “Warcraft”  tem como aspecto positivo arrebanhar adeptos de múltiplas mídias para a literatura.

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O argumento da história é a busca dos orcs por um planeta saudável para que possam habitar, pois o seu planeta, Draenor ou terralém, não tem mais condições de vida. Para tanto, através de um portal que usa a vileza – magia maligna  que utiliza como combustível a energia vital humana – liderados por Gul’dan (Daniel Wu), Mão Negra (Clancy Brown) e Durotan (Toby Kebbel), os orcs chegam a Azeroth, um planeta humano cujo rei Llane (Dominic Cooper) é assessorado pelo mago Medivh (Ben Foster) e defendido pelo guerreiro Lothar (Travis Fimmel). Essa visita vai gerar muitos conflitos e algumas revelações.

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O Universo Warcraft é uma dimensão ficcional descrita por jogos de vídeo-games, jogos de cartas colecionáveis e cartas de tabuleiro que deram origem ao filme. Inspirados na mitologia européia, História e o no mundo fantasia de J.R.R Tolkien de “O Senhor dos Anéis” e “Os Hobbits”, deram o ar da graça em 1994  com o jogo Warcraf: Orcs & Human. A coisa foi tomando corpo, virando episódios de TV e conquistando jogadores até virar obra cinematográfica. “Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos” é uma ode ao CGI  e as tecnologias de captura de movimento, na mesma medida que “Sétimo Filho” (2014). Tem uma história rasa e recheada de batalhas, natural a partir de sua origem, diálogos soltos, festivais de performance de magia e alguns apagões de continuidade. Então, como obra cinematográfica se apresenta pobre e engessada, reduzida a seis atores que tem papel real e  outros que interpretam personagens a partir de captura de movimento. O resto é virtual. Apreciado do ponto de vista de um jogador contumaz de Warcraft, provavelmente, será a glória ver o seu jogo favorito  em tela grande, mesmo perdendo o poder de interação.

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Quanto a ser um recorte da saga de Tolkien pelo ponto de vista dos orcs, podem esquecer. A superficialidade – apesar de alguns lampejos interessantes de abordagens que seriam importantes como, a relação inter-racial – a distância e a pobreza na abordagem dos argumentos não combinam com o mundo complexo e intrincado de Tolkien. No máximo passa como uma possibilidade falsificada para inglês ver, já que as raças são as mesmas e os espaços sugerem a conexão. O que temos é uma Valfenda tupinikim, um projeto de Saruman que não se concretiza, uns elfos desconectados, uns anões que não são um clã. Em suma, uma ideia que para jogos on-line funciona, mas para filme e com a pretensão de se aliar ao universo Tolkien, nada a ver.

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Duncan Jones, filho David Bowie, e ganhador do BAFTA 2009 de diretor e roteirista estreante por ” Lunar” se cercou do criador da história para as telas Chris Metzen e do roteirista Charles Leavitt de “Diamantes de Sangue” (2006) e “No Coração do Mar” (2014) para realizar a empreitada. A Trilha sonora ficou por conta de Ramin Djawadi de “Prision Break” e “Game of Thrones” e é boa, transportadora. Mas a cereja do bolo, neste caso, é a fotografia e o designer. Logo, os heróis são Simon Duggan de “300: A Ascensão do Império” (2014) e Gavin Bocquet de “Star Wars”, respectivamente.

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Fechando a tampa, para quem gosta de ação sem contexto, vídeo-games, está acostumado ao universo Warcraft e curte elfos superiores, anões, elfos noturnos e orcs é uma  boa pedida. Para quem vai ao cinema buscar o que a cinefilia oferece de melhor, que é o banquete de assuntos e as diversas formas de abordagens, é perda de tempo. Tolkien deve estar se revirando no túmulo.

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*Prequel é uma história que aparenta ser sequência numa saga, mas que na cronologia toma lugar antes da história original. Ou seja, o livro “Warcraft: Durotan” é o prequel do filme oficial.

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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