‘A Esposa’ e as táticas do cotidiano feminino

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‘A Esposa’ e as táticas do cotidiano feminino

Por | 2019-01-10T12:28:29-03:00 10 de janeiro de 2019|Adaptação: Literatura/cinema, Crítica Cinematográfica|0 Comentários

A Esposa (The Wife) (Drama); Elenco: Glenn Close, Jonathan Pryce; Diretor: Björn Runge; Reino Unido/Suécia/USA.  100 Min.

Ganhador do Globo de Ouro de melhor atriz (drama) para Glenn Close “A Esposa” é uma adaptação literária da obra homônima escrita por Meg Wolitzer e dirigido pelo sueco Björn Runge. Protagonizado, escrito e roteirizado por mulheres o filme traz uma história sobre as táticas femininas para se vencer os empecilhos das normas sociais silenciosas de discriminação de gênero. O mais admirável é ser dirigido por um homem sem perder um pingo de sensibilidade.

Joan (Glenn Close) é uma mulher talentosa na escrita que, quando jovem se apaixona pelo seu professor de literatura Joe Castleman (Jonathan Pryce). Ao longo de suas vidas Joe escreveu livros de sucesso que culminaram no Prêmio Nobel de literatura. A história se desenrola mostrando a participação de Joan nessa jornada. Mas a cereja do bolo é a atuação de Glenn Close de “Atração Fatal” (1987). Fazer um vilão dá um espaço de atuação imenso para o ator, mas fazer uma personagem contida, com segredos, mágoas e ares perscrutadores exige muito mais. Cada olhar, cada silêncio, cada fuga de diálogo é um coringa a ser ovacionado e Glenn faz isso com uma maestria invejável.

As questões que a obra fomenta em relação a reflexão e discussões é sobre o lugar no qual a  mulher é posta na sociedade e as táticas e estratégias a serem aplicadas para se chegar onde se quer, para se ter o reconhecimento de talentos e o preço a se pagar por isso. “A Esposa” nos remete a história da escritora francesa Sidone Gabrielle Colette retratada no filme “Colette” estrelado por Keira Nightley e nos mostra que  a subestimação das capacidades da mulher é atemporal.

O longa tem seu forte no roteiro e nas atuações, e como era de se esperar, na categoria de melhor atriz Glenn Close já recebeu vários prêmios pelo papel: O Globo de Ouro; o prêmio do Hollywood Film Awards; do New Mexico Film Critics; do Palm Springs International Film Festival; do San Diego Film Critics Society Awards; do Women Film Critics Circle Awards e segue forte em direção ao Oscar.

A premiação de Glenn Close não só vem a agraciar uma atuação merecida mas, também, endossar a ação de luta nessa batalha silenciosa de mulheres pelo seu espaço e exercício de talentos. E, é claro, não poderia passar em branco. Glenn Close no seu melhor momento Mereyl Streep, faz um senhor discurso e sua premiação (vídeo abaixo). “The Wife” (no original) é imperdível e vale o ingresso.Que venha o Oscar!

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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