‘Albatroz’ o noir dos trópicos

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‘Albatroz’ o noir dos trópicos

Por | 2019-04-17T23:02:52-03:00 7 de março de 2019|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Albatroz (Mistério/policial); Elenco:Alexandre Nero, Andréa Beltrão, Maria Flor, Camila Morgado;Direção: Daniel Augusto; Brasil, 2019. 97Min.

Na mesma linha de argumento de “A Casa de Veraneio”, “Albatroz” conta a história do processo de escrita de um livro depois de uma rejeição amorosa. Porém, o longa é um romance policial, uma espécie de noir  dos trópicos em que um assassinato desencadeia as questões que são esmiuçadas ao longo da exibição.

Alicia (Andréa Beltrão) é uma escritora que tenta reatar um romance de juventude e é rejeitada. Desse argumento saem uma série de acontecimentos que extrapolam as fronteiras do romance e desembocam no drama/mistério que estabelece-se num gênero policial que viaja pela ficção-científica. O gênero não é muito nossa praia, não temos tanta fluência nele, quanto em novelas, por exemplo, onde somos supra-sumo. Um dos filmes mais recentes do gênero foi “Branco Sai, Preto fica” que brincava com a volta no tempo a um momento de uma tragédia, a explicava, inclusive, politicamente, e passeava pela liberdade de ir e vir com metáforas procedentes, para desembocar numa possibilidade de conhecer a história, muda-la ou não deixa-la se repetir, através da viagem no tempo. O nosso “De Volta para o Futuro” da república das bananas (o que voltamos a ser).

O que nos torna frágeis em relação a ficção-científica como a conhecemos a partir do modelo americano, é que ela exige altos investimentos, efeitos especiais, e temos fossilizado esse conceito pirotécnico de ficção-científica. Se não tiver todo um visual mirabolante, não serve. E é aí que mora o equívoco. Um roteiro bem construído, uma boa edição – que é o que dá forma as histórias contadas no audiovisual – e boas atuações, dão conta de um bom filme de ficção-científica, o resto a nossa imaginação cria – que o diga a escola o Dogma 95 -. “Albratroz” brinca com realidade e fantasia na seara psíquica/temporal. Nos remete ao filme “Terceira Pessoa” em que, a escrita de um livro como argumento, põe espectador num turbilhão de histórias enlouquecidas.

O longa tem qualidade técnica e de atuação. Alexandre Nero e Andréa Beltrão dão um show à parte. “Albatroz” seleciona um público inteligente, que não se prende a linearidades e que curte o cinema nacional. O roteiro nos premia com uma história intrigante que nos apresenta o quanto somos capazes de ver uma mesma história por angulações diferentes abrangendo suportes diversos como literatura e cinema dentro do cinema. O longa de Daniel Augusto é a nossa ‘Matrix” tupiniquin. Genial!

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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