‘As Herdeiras’ sexualidade na terceira idade em pauta

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‘As Herdeiras’ sexualidade na terceira idade em pauta

Por | 2018-08-30T03:40:19-03:00 30 de agosto de 2018|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

As Herdeiras (Las Herederas/ The Heiresses) (Drama); Elenco: Ana Brun, Margarita Irun, Ana Ivanova; Direção: Marcelo Martinessi; Paraguai/Alemanha/Uruguai/Brasil/Noruega/França, 2018. 98 Min.

É do Paraguai o prêmio de melhor filme estrangeiro no Festival de Gramado, no Sán Sebástian, no Festival de Sidney e no da Transilvânia. O longa dirigido  e roteirizado por Marcelo Martinessi versa sobre a sexualidade na terceira idade, no contexto feminino e na seara da homoafetividade. A abordagem é suave, sensível e inteligente.

A história se dá num recorte de tempo de, aproximadamente, um mês na vida de  Chela (Ana Brun), uma senhora sexagenária que vive com Chiquita (Margarita Irun) há décadas, e que passam por um momento difícil. Cheias de dívidas se veem tendo que vender seus pertences enquanto Chiquita responde a um processo por sonegação fiscal. Deprimida e com a relação desgastada, Chela se entrega a dor a ao sofrimento. Até que surge a oportunidade de complementar sua renda levando suas amigas a jogos de cartas. Sai de casa, conhece pessoas e a vida acontece. Com esse argumento Marcelo Martinessi segue o viés da redescoberta de Chela, ancorada nas diferenças de mentalidade sobre a homoafetividade entre seu tempo e os de hoje, e faz uma abordagem espetacular quando põe uma senhora sexagenária a redescobrir-se sexualmente e à vida. Tudo isso com uma sensibilidade e sutileza admiráveis.

As atuações de Ana Brun, Margarita Irun e Ana Ivanova são para serem aplaudidas de pé pela interpretação contida e silenciosa em que, os olhos e o semblante dizem mais que os diálogos. A fotografia soturna e lúgubre em contraponto com a iluminada e viva que desenham a aura dos ambientes é assinada por Luiz Armando Arteaga de “Ixcanul”(2015) e a  edição, que conta essa história imageticamente é de Fernando Epstein de “Boi Neon” (2015). Mas, o forte do longa são o roteiro e as atuações.

Além dos prêmios já citados “As Herdeiras” abocanhou também, prêmios da crítica no Festival de Berlim, Cartagena e Gramado; melhor atriz para Ana Brun em Berlim, Gramado, Lima Latin American Film Festival; Melhor diretor em Berlim, Cartagena e Gramado; melhor roteiro em Gramado; prêmio do juri no Jeongu Film Festival, no World Cinema Amsterdam e menção honrosa no Seattle International Film Festival. Com uma produção simples e um argumento contemporâneo, o Paraguai mostra sua cara e aparece para o mundo.

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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