Custódia (Jusqu’a la garde/ Custody) (Drama); Elenco: Léa Drucker, Denis Mènochet, Thomas Gioria; Direção: Xavier Legrand; França, 2017. 93 Min.
Vencedor do Leão de Prata de melhor diretor no Festival de Veneza “Custódia” versa sobre violência doméstica colocando o espectador no lugar da criança, cuja custódia compartilhada está sendo disputada pelos pais. Sob a batuta de Xavier Legrand, o longa é forte, aterrador e impactante. Sem explicações esmiuçadas, traz um certo suspense à história. A condução do roteiro é magistral e premiou o menino Thomas Gioria, em seu primeiro trabalho como ator mirim, no RiverRun International Film Festival.
Julien Besson (Thomas Gioria) é um menino de 11 anos que teme o pai, Antoine (Denis Mènochet). Descreve seu terror numa redação endereçada à juíza da vara de família, mas tem seu pedido de não querer ver mais o pai e de sua necessidade de proteger sua mãe, Mirian (Léa Drucker), negado em razão dos direitos do pai.O roteirista e diretor Xaver Legrand insere o espectador numa saga cheio de pontos cegos sobre a relação familiar, cujo caminhar é aterrorizante. Não só pelo inesperado como pela expectativa que não é correspondida. Legrand desconstrói o conceito de pai e de direito ao amor filial com a apresentação da personalidade doentia de Antoine. Tudo isso pelo ponto de vista do filho, um menor que, indefeso para se defender e defender a mãe, se vê à mercê de quem deveria ama-lo e protege-lo, transformando a exibição da história em 93 minutos de angústia. Nos lembra as excelentes abordagens de Xavier Dolan em “Mommy” (2014) e de Emmanuelle Bercot em “De Cabeça Erguida” (2015), cujos conflitos familiares são o contexto da história e a visão do menor é o eixo condutor das tramas.
“Custódia” foi premiado por roteiro no Miami Film Festival; com melhor filme no Melodist International Film Festival e no San Sebástian e; com menção especial no Festival de Zurique. Os destaques vão para a atuação de Denis Mènochet de “7 Dias em Entebbe” (2018) e “Assassin’s Creed” (2016) e da edição de Yorgos Lamprinos de “O Capital” (2012). Produzido por Alexandre Gavras tem uma mulher na direção de fotografia, Nathalie Durand de “Um Fim de Semana em Paris” (2013).
Em suma, o filme francês toca num assunto muito sério e importante que o respeito à visão da criança e na desconstrução de conceitos padrões de proteção. E mais, nos diz que nunca conhecemos as pessoas, mesmo as do nosso entorno. É um alerta muito bem vindo com uma pegada inteligente.
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