‘Está Tudo Bem’ e a polêmica da morte assistida

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‘Está Tudo Bem’ e a polêmica da morte assistida

Por | 2022-06-01T15:09:28-03:00 1 de junho de 2022|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Está Tudo Bem (Tout S’est Bien Passé/ Everything Went Fine) (Drama); Elenco: Sophie Marceau, André Dussollier, Geraldine Pailhas, Charlotte Rampling; Direção: François Ozon; França/Bélgica, 2021. 113 Min.

O assunto eutanásia ou morte assistida – termo menos técnico e por conseguinte menos impactante – está bastante em voga na última década e ganhou a manchete de jornais recentemente depois das declarações de Alain Delon (ator francês e símbolo sexual dos anos 60 e 70) sobre seu desejo de realiza-la. Como argumento de roteiro não é de hoje que se traz esse assunto para a sociedade pensar, através de filmes como “Um Amor Verdadeiro” (1998) de Carl Franklin estrelado por Willian Hurt e Meryl Streep; “Amor” (2012) de Michael Haneke estrelado por Emmanuelle Riva; “A Festa de Despedida” (2014) de Tal Granit e Sharon Maymon , uma comédia israelense que tratava do assunto de maneira bastante leve; “A Última Lição” (2015) dirigido por Pascalle Pouzadoux que apresenta um desenvolvimento muito procedente com todas as possíveis justificativas; e ainda, o recente “Como Eu Era Antes de Você” (2016) dirigido por uma mulher, Thea Sharrock, num contexto de jovens. Então, já não é surpresa a abordagem do assunto. A diferença, para o mais recente filme de François Ozon, é que ele relata um caso real, de uma amiga, a escritora Emmanuèlle Bernhiem que passou pelo processo de morte assistida do seu pai, André Bernheim.

Emmanuèlle Berheim quando viveu a situação escreveu um livro/roteiro, como que num registro catártico e pediu que François Ozon fizesse o filme. Na época, Ozon, não conseguiu pelo teor forte e pessoal. Hoje, depois de cinco anos do falecimento de Emmanuèlle Berhnheim (1955-2017) Ozon, finalmente atendeu ao pedido da amiga e o longa foi realizado tendo Sophie Marceau como Emmanuèlle e André Dussollier como André Bernheim. Os atores estão divinos em suas atuações, Dussollier está impecável interpretando um idoso com sequelas de uma AVC, comparável a Emmanuèlle Riva em “Amor”.

A abordagem de François Ozon e Philippe Piazzo no roteiro é primorosa quando insere as questões morais, legais e éticas com delicadeza e até uma pitada de comédia. Ozon é um cineasta francês aclamado no mundo todo por suas abordagens intimistas fora caixinha dentro de questões cotidianas, tabus e realidades que não pairam nas conversas de família, como em “Uma Nova Amiga” (2014) e “Frantz” (2016). O longa “Está tudo Bem” é uma produção de 2021 com várias indicações a prêmios, incluindo a Palma de Ouro. Com a assinatura de François e o talento de Sophie Marceau de “Sexo, Amor e Terapia” (2014) e André Dussollier de “Diplomacia” (2014) “Está Tudo bem” o longa é o crème da la crème do cinema francês pós-pandemia. Vale cada olhar, cada silêncio, cada reflexão.

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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