Golpe de 53 (Coup 53) (Documentário); Direção: Taghi Amirani; Reino Unido/Irã, 2019. 119 Min. #FestivalETudoVerdade2020
Imagine o que seria hoje o Oriente Médio com a força do Irã num regime democrático? Imagine, no Oriente Médio, um país que nacionalize suas riquezas? Imagine , no Oriente Médio, um país que tivesse um Primeiro-Ministro eleito pelo povo com ideais políticos que abarcassem a liberdade e as igualdades sociais e econômicas? O quanto ‘apenas isso’ iria fazer diferença naquela região, nas relações entre os países vizinhos¹Que influência que isso não teria na política internacional? Pois é, perdeu-se essa chance em 1953. É essa história que conta o longa-metragem “Golpe 53” dirigido pelo cineasta iraniano Taghi Amirani, através de uma investigação documental registrada por suas câmeras e editada por um dos melhores editores do cinema mundial, Walter Murch.
“Golpe 53” conta a história sobre como a Inglaterra e os EUA conseguiram depor o Primeiro-ministro Mohammed Moussadegh eleito em 1951, na vigência Xá Reza Pahlavi. No Governo de Moussadegh o parlamento aprovou a nacionalização do petróleo iraniano insuflando a ira dos países hegemônicos – a Inglaterra representado pelo, então, Primeiro-ministro inglês Winston Churchil e pelo presidente americano Dwight D. Einsehower – e suas agencias de inteligencia: MI6 e CIA. Amirani mostra passo a passo como foi sua pesquisa e descobertas através de uma juntada de imagens de arquivo: fotografias, trechos de entrevistas com políticos, ex-diretores de agencias de inteligência e familiares de envolvidos com o episódio e, o roteiro do filme “O fim do Imperio” (1985), juntando pedaços de entrevistas do audiovisual com a participação do camera man daquele filme. E ainda, uma reconstituição da entrevista do agente da CIA Norman Darbyshire a partir de sua transcrição. O longa é uma tentativa de trazer a público aspectos escondidos desse episódio da História do Irã e apresentar a influência do poder hegemônico do mundo.
Taghi Amirani é um diretor oriundo de séries de TV e conhecido por “Red Lines and DeadLines” (2005). A edição é primorosa feita por Walter Murch de “Apocalipse Now” (1979), “O Paciente Inglês” (1996) e mais recentemente, “Tomorrowland” (2015). “Coup 53″já abocanhou os prêmios: Most Popular insternational Documentary no Vancouver International Film Festival e; melhor documentário no Milano International Film Festival. No Festival de documentários “É Tudo Verdade” concorre na mostra de longas internacionais.
O longa de Taghi Amirani é uma tessitura competente sobre um recorte da História de um país extremamente complexo em sua composição política, religiosa e social, e que lança luz às possibilidades de explicações sobre a realidade do Oriente Médio hoje. “Golpe 53” é um desvendar de véus e é muito necessário nos tempos em que vivemos hoje.
Filme concorrente na mostra Internacional de longas-metragens no Festival “É Tudo Verdade” 2020. Assistido em cabine digital via transmissão no dia 25/09.
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