‘Hereditário’ e o movimento fênix do gênero terror

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‘Hereditário’ e o movimento fênix do gênero terror

Por | 2018-06-29T02:58:45-03:00 29 de junho de 2018|Crítica Cinematográfica|1 Comentário

Hereditário (Hereditary) (Drama/Horror/Mistério); Elenco: Toni Collette, Gabriel Byrne, Milly Shapiro, Alex Wolff; Direção: Ari Aster; USA, 2018. 127 Min.

De uns tempos para cá o gênero terror tem deixado de ser aquele nicho vazio de argumentos e inteligência, que só mexia com as baixas vibrações para se revitalizar como um estilo digno de respeito. Depois de “A Bruxa” (2015) de Robert Eggers que mostra o cotidiano como algo aterrorizante e bem próximo da realidade de uma época, o gênero tomou fôlego e  tem nos trazido obras ricas em camadas de abordagem como “Um Lugar Silencioso” (2018). Agora é a vez de “Hereditário”, dirigido por Ari Aster que não decepciona em seu primeiro longa metragem de ficção e traz camadas como transtorno de personalidade, maldição, desordem do sono, depressão, relações cotidianas e religião para um roteiro de terror. Na verdade mais suspense do que terror, a assinatura do  roteiro também é de Aster.

Annie (Toni Collette) é uma artista plástica, mãe de dois filos: Charlie (Milly Shapiro) e Peter (Alex Wollf), casada com Steve (Gabriel Byrne) e acaba de perder a mãe. A partir daí Charlie começa a perceber situações inusitadas e apresentar comportamento estranho. Annie procura um grupo de apoio a enlutados para superar a perda. Dentro desse contexto a história se desenvolve dentro do cotidiano familiar, que é cabível  a qualquer um de nós: a escola, o trabalho, as relações com os amigos, a busca da espiritualidade, etc. E essa é a graça de “Hereditário”, o longa foge dos clichês de terror se apresentando dentro de uma normalidade crível, intensificando o mergulho no mistério ao longo da exibição, o que prende completamente a atenção do espectador. O roteiro não deixa a peteca cair um só momento e vai até o final com surpresas procedentes, sem plot twists exagerados  ou forçados e finaliza coerente com o que apresenta desde o início.

O forte do longa-metragem é o roteiro. Mas, o destaque vai para a atuação de Toni Collette que está estupenda. Com uma filmografia que vai de “O Sexto Sentido” (1999) a “A Pequena Miss Sunshine” (2006) a atriz merece ovações pela atuação. Sem muito glamour no aspecto técnico – o diretor está em seu primeiro longa de ficção e o diretor de fotografia é oriundo de curta-metragem), “Hereditário” surpreende pela pegada de suspense inteligente com desfecho inesperado.

Para quem tem preconceito com filmes de terror está na hora de rever os conceitos, pois o gênero está afinado as garras e abrindo mão do calcanhar de Aquiles (as ilações vazias e gratuitas fomentando as baixas emoções) e assustando até Stephen King. “A Bruxa” que o diga. “Hereditário”ainda não chega aos pés de “O Exorcista” mas tem seu valor.

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

Um Comentário

  1. Antonia Almeida 17 de julho de 2018 em 13:28 - Responder

    Hereditário é um filme muito interessante. Tem protagonistas sólidos e um roteiro diferente, se tem uma coisa que eu não gosto nos filmes de terror atuais, são os screamers, e o que eu mais gosto é o terror psicológico, depois de vê-la você ficara com algo de medo. Os filmes de terror são meus preferidos, é o melhor. Meu favorito é It: A Coisa, acho que o novo Pennywise é muito mais escuro e mais assustador, Bill Skarsgård é o indicado para interpretar o palhaço. Aqui deixo os horários da estréia: https://br.hbomax.tv/movie/TTL612335/It-A-Coisa é realmente uma história muito interessante, uma das melhores de Stephen King, o clube dos perdedores é muito divertido e acho que os atores são muito talentosos. Já quero ver a segunda parte.

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