‘Mais que Especiais’ – Uma reflexão sobre responsabilidade social

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‘Mais que Especiais’ – Uma reflexão sobre responsabilidade social

Por | 2021-02-27T03:14:00-03:00 25 de fevereiro de 2021|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Mais que Especiais (Hors Normes/The Specials) (Drama); Elenco: Vincent Cassel, Reda Kateb, Hélène Vincent; Direção: Olivier Nakache, Éric Toledano; França, 2019. 114 Min.

Muitos são os filmes que abordam temas educacionais. Mais, especificamente, dificuldades educativas e de sociabilidade de alunos com deficiência e/ou problemas de fragilidade social grave. “De Cabeça Erguida” (2015); “Mommy” (2014);”Preciosa” (2008); “Entre os Muros da Escola” (2008), são apenas alguns desses filmes. Em todos eles o atravessamento são as questões de políticas públicas relativas às responsabilidades sobre a educação, tratamento médico, centro de apoio à família e sobre o perfil das pessoas que se propõem a ser os educadores ou condutores dos processos de socialização e de inclusão social na aquisição de um trabalho que os sustente. Enfim, de uma ‘normal’. Em “Mais que especiais” não é diferente, porém o gênero do filme é biográfico. O longa conta a a saga de cotidiana, da lida com essa realidade, de Stéphanie Benhamou e Daoud Tatou, que são interpretados, respectivamente, por Vincent Cassel e Reda Kateb.

‘Hors Normes’ (no original) e em tradução livre ‘fora dos padrões’ é dirigido pela dupla Éric Toledano e Olivier Nakache. Conhecidos por suas abordagens humanistas, direcionadas para a ética e o questionamento de padrões sociais irreais, e rompimento de estruturas ultrapassadas como em “Samba” (2014) e “Os Intocáveis” (2011). A dupla de diretores – que também é responsável pelo roteiro – questiona as políticas públicas da França relativa aos cuidados e inclusão social de jovens com problemas mentais e em situação de fragilidade social. Desenhando um painel da contradição dos serviços de fiscalização da legalidade nos funcionamentos das instituições não governamentais que tentam minimizar a questão em seu contexto real e as ações que deveriam ser implementadas pelo estado. Em outras palavras, uma crítica sutil e pé no chão do liberalismo econômico europeu. O viés de abordagem é magnífico; situações cotidianas como crises psiquiátricas, fugas de adolescentes autistas das instituições que os acolhem, os cotidianos das famílias e suas angústias, atividades pedagógicas e administrativas. Os diálogos são preciosos, cirúrgicos e afiados. Toledano e Nakache dão um show de possibilidades de reflexões sobre a questão.

O que se destaca no longa são as atuações seja dos atores principais: Vincent Cassel (Bruno) de “Gauguin: Uma Viagem ao Haiti” (2017) e Reda Kateb (Malik) de “Django” (2017). Como também os jovens atores que interpretam os adolescentes com necessidades especiais. Ao final dos créditos tem uma grata surpresa, em que são apresentados em seus cotidianos de ação os dois personagens reais, os quais forma a inspiração para a empreitada.

“Mais que Especiais” foi o filme de encerramento do Festival de Cannes 2019. Seleção oficial do Cesar Awards daquele ano e vencedor do prêmio do público no Festival de San Sebastián e melhor elenco no Festival da Catalunha. Além de ser uma fonte de inspiração para fazermos desse mundo um lugar melhor, como é bem do feitio dos dois diretores.

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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