‘Não Mexa com Ela’ – sobre impotência e astúcias

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‘Não Mexa com Ela’ – sobre impotência e astúcias

Por | 2019-08-17T17:17:40-03:00 17 de agosto de 2019|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Não Mexa com ela (Isha Ovedet/Working Woman) (\Drama); Elenco: Liron Ben-Slush, Menashe Noy; Direção: Michal Aviad; Israel, 2018. 93 Min.

“Não Mexa com Ela” é um filme israelense dirigido por uma mulher que traz um recorte de tempo na vida de Orna (Liron Ben-Shlush), uma dona de casa, mãe de três filhos que precisa trabalhar para ajudar seu marido (Oshri Cohen). Com este argumento as roteiristas fazem um passeio pelo patriarcalismo e contam uma história de assédio sexual. O viés do roteiro é pôr o espectador no lugar de Orna e fazê-lo sentir toda pressão e encurralamento que a personagem vive dentro da situação exposta: ser assediada pelo seu patrão, precisar do emprego, ligar todos os seus radares para saber como agir e a falta de tato de seu marido. Em suma, todo um contexto e circunstâncias que vivem muitas mulheres no mercado de trabalho.

Michal Aviad, Sharon Azulay Eyal e Michal Vinik (roteiristas do longa) não se detém no trauma ou na denúncia da questão querendo mudar o ‘estado de coisas’, mas, na impotência e astúcias de Orna para se livrar da situação e continuar mantendo a família. Aborda o estigma de que, a culpa é da mulher, lidam com maestria com o poder patriarcal – machismo- a monta um painel dos conflitos internos de Orna,sem perder o foco de mostrar uma saída para uma realidade para lá de denunciada, gritada aos quatro ventos (#metoo que o diga); Só pelo fato de abordarem a questão, seja lá com qual viés for, já estão fazendo o movimento de questionamento e colocando luz sobre a injustiça e sadismo do tema.

Michal Aviad, diretora, roteirista e produtora, conhecida por “Invisível” (2011) tem uma pegada sutil que se prende ao cotidiano daquela mulher sob o ponto de vista feminino. Mas, de uma forma tão humana que é de todos. A atriz Liron Ben-Shlush de “The Next Her” (2014) está fabulosa apresentando muito bem a impotência de alguém nessa situação.

O longa tem uma hora e meia de exibição e faz a experiência da empatia para nos fazer perceber o quão estressante, perturbadora e cruel é a situação. Depois de “Golem” (2019) Israel dá outro show de abordagem.


Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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