‘Oh, Lucy!’ um alerta para a falta de afeto nas relações

>>‘Oh, Lucy!’ um alerta para a falta de afeto nas relações

‘Oh, Lucy!’ um alerta para a falta de afeto nas relações

Por | 2018-07-17T04:48:10-03:00 17 de julho de 2018|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Oh, Lucy! (Comédia/Drama); Elenco: Shinobu Terajima, Josh Hartnett, Kaho Minani, Kôji Yakusho, Shioli Kutsuna; Direção: Atsuko Hirayanagi; Japão/EUA, 2017. 95 Min.

O Japão está batendo um bolão nesta temporada com essa nova leva de cineastas. O que tem “Entre laços” de terno, tem “Oh, Lucy!’ de alerta para a falta de ternura. No primeiro, todas as vicissitudes são vistas sob a égide da ternura, usando-a como antídoto para o preconceito, o abandono, a solidão e as violências psicológicas, em “Oh, Lucy!” a jornada é de solidão, de frieza e de ostracismo, cuja a busca é por ternura, passando por todos os anseios da alma, do desejo à fraternidade.

Setsuko Kawashima (Shinobu Terajima) é uma tia solitária que tem uma relação ruim com a irmã Ayako (Kaho Minani). Mas, tem proximidade com a sobrinha Mika (Shioli Kutsuna). Um dia esta lhe pede para assistir uma aula de inglês no seu lugar e Setsuko se encanta com a metodologia, a da aproximação, do afeto, do toque e decide continuar o curso. Um belo dia ao chegar para aula recebe a notícia de que o professor havia se demitido. Usando outros motivos como desculpa ela sai de Tóquio para Los Angeles atrás do professor. E é aí que o roteiro diz a que veio, mostrando que, para além do choque cultural, com outros códigos comportamentais, outras produções de sentidos e significações, todos, sem exceção, querem ser amados. E não faz isso com melosidades e clichês românticos, o faz com os pés no chão, evocando o que temos de mais íntimo e em comum: a alma.

A cineasta Atsuko Hirayanagi, que além de dirigir também roteirizou o filme, está em seu primeiro longa-metragem. E este é oriundo de um de seus curtas de mesmo nome. Para o roteiro teve a colaboração de Boris Frumim de “Black and White” (1992), pelo qual ganhou o prêmio do público no festival  Mainhein-Heidelberg. As atuações de Shinobu Terajima de “Helter Skelter” (2012) e Josh Hartnett de “Pearl Harbor” (2001) e “Sin City: A Cidade do pecado” (2005) estão soberbos. Além da participação especial de um ícone japonês, Kôji Yakusho de “O Terceiro Assassinato” (2017).

O forte de “Oh, Lucy!” é o roteiro e o viés escolhido para mostrar o quanto o ser humano, independente da cultura, se milenar ou moderna, é igual no quesito necessidade do outro, de afeto, de admiração, de atenção e troca. O Japão tem mandado muito bem nesta temporada. Viva os novos cineastas! Viva a quebra de paradigmas! Viva o cinema!… e dessa vez, é japonês.

 

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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