‘Sicario: O Dia do Soldado’ e o estrategismo americano

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‘Sicario: O Dia do Soldado’ e o estrategismo americano

Por | 2018-06-28T14:33:03-03:00 28 de junho de 2018|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Sicario: O Dia do Soldado (Sicario: Day of the Soldado) (Ação/Drama/Crime); Elenco: Benício Del Toro, Josh Brolin, Isabela Moner, Jeffrey Donovan; Direção: Stefano Sollima, 2018. 122 Min.

“Sicário: O Dia do Soldado” é a continuidade de “Sicário: Terra de Ninguém” de Denis Villeneuve. Mantida a assinatura inicial com takes panópticos com a utilização de drones e helicópteros, o longa é uma produção primorosa no que diz respeito a ação. Dirigido pelo iatliano Stefano Sollima “Sicario 2” tem contexto político e apresenta uma radiografia do modus operandi dos Estados Unidos em relação ao mundo, muito principalmente, em relação a América Latina. Neste caso, muito bem representado pelo México.

Alejandro (Benício Del Toro) é convocado pelo serviço de inteligência americano para começar uma guerra entre traficantes mexicanos, dando aos Estados Unidos um álibe para conceitua-los como terroristas e assim ampliar o seu poder de ação no combate ao tráfico de drogas e de pessoas na fronteira mexicana. Para lá de contextualizado no momento político atual “Sicario 2” traz em seu roteiro o estrategismo norte-americano de dominação imperialista; argumentos para se discutir sobre ética nas operações militares; e o fomento à discussão sobre a vigilância de satélites na vida pessoal de indivíduos. As costuras do enredo são muito bem feitas no que diz respeito à lógica do estrategismo, tanto o de guerrilha americana, quanto o de cooptação de indivíduos por parte dos cartéis mexicanos. Mexendo em vespeiro, o roteirista Taylor Sheridan de “A Qualquer Custo” (2016) – pelo qual foi indicado ao Oscar – costura diversas camadas à sua história, incluindo a de afeto e a da lealdade, para além da truculência do contexto. Sob a batuta da direção enxuta de Stefano Sollima de “Acab – All Cops are Bastards” (2012) a vibe do primeiro filme foi mantida, incluindo a da trilha sonora sensacional, criada no primeiro Sicário pelo saudoso Jóhann Jóhannsson – cujo longa rende uma homenagem in memorian – assinada por Hildur Guõnadóttir de “A Chegada” (2016). O forte do longa, além de sua assinatura, são as atuações de Benício Del Toro de “Traffic: Ninguém Sai Limpo” (2000) pelo qual ganhou o Oscar e, Josh Brolin, o onipresente do ano, de “Vingadores: Guerra Infinita” a “Deadpool 2”.

Em suma, “Sicário: O Dia do Soldado” deixa todo mundo feliz, quem vai para ver ação e tatibilidade a quem vai para assistir contexto político. Por colocar o dedo na ferida sem papas na língua se assemelha as obras  do espanhol  Amat Escalante de “Heli” (2013) cujo contexto é o submundo mexicano da fronteira. O longa americano em co-produção com a Itália é bom da fotografia a edição (para os mais técnicos) e vale mais do que pesa. É audacioso, corajoso e faz pensar. É entretenimento com ‘q’ de filosofia política contemporânea. Vale o ingresso.

 

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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