Siron.Tempo sobre Tela (Biografia/documentário); Participações: Siron Franco, Ferreira Gullar; Direção: André Guerreiro Lopes, Rodrigo Campos; Brasil, 2019. 91 Min.
A produção de documentários brasileiros sobre artistas plásticos brasileiros ainda é muito incipiente. Seja porque o gênero documentário não é muito popular – embora isto esteja mudando – seja porque a arte é considerada no imaginário social, como algo elitista. Nos últimos anos tivemos: “Maria: Não Esqueça que Eu Venho dos Trópicos” (2017) de Francisco Cataldi Martins e Luisa Gomes; “A Paixão de JL” (2016) de Carlos Nader e “Hélio Oiticica” (2014) de César Oiticica Filho, agora é a vez de Siron Franco. Dirigido por André Guerreiro Lopes e Rodrigo Campos o documentário é o resultado da junção de um imenso arquivo de imagens que perfazem cerca de 40 anos de registros e trazem as ideias artísticas do pintor, os pensamentos reflexivos sobre o cotidiano da infância ao dias atuais, sobre religião, relação homem/mundo e sobre processos de criação e fases das produções artísticas de Siron por ele mesmo.
“Siron. Tempo Sobre Tela” nos apresenta o artista visual goiano cuja trajetória nacional e internacional decolou a partir da Bienal de São Paulo de 1974. A edição primorosa de Danilo do Valle misturada ao roteiro que foi sendo criado e misturado aos cortes e vieses que dão forma a esse produto audiovisual são o crème de la crème para quem tem olhos de ver. A produção cinematográfica sofre as influência da obra e vida do próprio artista, que imprime sua energia, quando dos relatos pessoais de traumas de infância e do episódio do Césio 137 no ano de 1987.
A ideia nasceu de uma revisitação aos arquivos de 2002 quando do registro da produção de Siron sobre o bairro Soho em Londres. A partir daí conversas e entrevistas com o artista, filmagens em seu ateliê em Goiânia forma realizadas e cedidas mais imagens de arquivo em VHS e Super 8 do acervo do artista como registros de experimentos em video-arte. O objetivo da realização do documentário e levar o pensamento, o conceito de liberdade de Siron e seu processo de criação artística para um número maior de pessoas. Os dois diretores, que também elaboraram o roteiro, têm em comum em seus vieses de trabalho a mistura de linguagens e dos limites entre ficção e documentário.
“Siron.Tempo sobre Tela” é uma tessitura do tempo cronológico e de suas nuances sobre a tela co cinema/TV, vale a pena parar para ouvir e ver Siron Franco falando de si, de seus processos de criação e do mundo. O longa é quase um portal para uma outra realidade e um outro tempo, e futuramente, um documento histórico de um tempo que não existe mais. No momento sanitário que vivemos com cinemas fechados, o longa estreia no streaming no dia 25 de março nas plataformas: Belas Artes a La Carte, Now, Vivo TV, Sky Play e Looke o que viabiliza um alcance muito maior em relação ao presencial. Vale a apena conferir! Vale o quanto pesa. #FiqueEmCasa
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