‘Vidas à Deriva’ quando o real supera a ficção

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‘Vidas à Deriva’ quando o real supera a ficção

Por | 2018-08-15T17:56:07-03:00 9 de agosto de 2018|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Vidas à deriva (Adrift) (Ação/Aventura/Drama); Elenco: Shailene Woodley, Sam Claflin; Direção: Baltasar Kormákur; USA/Hong Kong/ Islândia, 2018. 96 Min.

Na esteira de “O Náufrago” (2000) e “Até Fim” (2013) o mais recente filme do islandês Baltasar Kormájur conta a história real, adaptada de um livro autobiográfico, de Tami Oldham sobre uma viagem do Taiti à Califórnia de veleiro, e que no meio do oceano se depara com o furacão Raymond, de categoria 5. O mote do longa, apesar de parecer um romance açucarado, é a forma de contar essa história e de todas as desordens fisiológicas que ocorrem ao ser humano exposto a tal situação.

Tami (Shailene Woodley) é uma jovem aventureira que larga tudo em Chicago e vai para o Taiti em busca de vida e liberdade. Trabalha numa marina e um dia conhece Richard (Sam Claflin), um velejador, e se apaixonam. Em seguida, recebem uma proposta de levar um veleiro do Taiti até a Califórnia e aceitam. O que acontece depois da partida é uma luta insana e solitária à deriva no meio do oceano por sobrevivência. A Abordagem é aparentemente comum, até que percebemos que Baltasar Kománkur tomou um caminho inteligente para contar essa história. Não há aspectos filosóficos como em “Até o Fim”  ou mesmo antropológico como em o “O Náufrago”. O cerne da questão é ponto de vista de Tami, que é muito bem trabalhado.

Baltasar Kormákur tem uma veia especial para apresentar os limites frente à natureza, vide “Everest” (2015) sob sua batuta. O forte do longa é o roteiro que foi compilado a seis mãos: Aaron e Jordan Kandell de “Moana: Um Mar de Aventuras” (2016) e David Smith de “Ingrid Vai ao Oeste” (2017). A trilha sonora composta por Valter Beterlmann de “Lion” (2016) e a fotografia do, oscarizado três vezes, Robert Richardson (“O Aviador”; “A Invenção de Hugo Cabret” e ; “JFK”). Os astros são conhecidos, Shailene Woodley de “Divergente” e Sam Claflin de “Como Eu Era Antes de Você”  (2016). Todos esses quesitos fazem do filme um produto comercial de qualidade técnica para contentamento dos fãs do gênero.

“Vidas à deriva” começa libertário, se se embrenha no romance e termina com uma narrativa existencialista de administração dos limites e, por vezes, surpreendente. Quando se pensa que estamos diante de Jack e Rose (“Titanic”) o filme dá uma virada que eleva o nível da abordagem. É embalado para consumo rápido, mas tem conteúdo. Vale o ingresso.

 

 

 

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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