‘No Portal da Eternidade’ e a subjetividade de Van Gogh

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‘No Portal da Eternidade’ e a subjetividade de Van Gogh

Por | 2019-02-21T00:59:20-03:00 10 de fevereiro de 2019|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

No Portal da Eternidade (At Eternity’s Gate);(Biografia/Drama);Elenco:Willem Dafoe, Oscar Isaac, Mathieu Amalric, Niels Arestrup;Direção:Julian Schanbel; Suiça/Irlanda/Reino Unido/França/USA, 2018. 111 Min.

Depois de “Com Amor, Van Gogh” (2017) O pintor pós-impressionista é tema de mais um filme: “No Portal da Eternidade”. Se no primeiro o eixo condutor eram as cartas que Vincent Van Gogh escrevera a seu irmão Theo; neste é a própria ótica de Vincent, sua perspectiva subjetiva sobre a arte, a vida e a natureza é que estão em voga. A Câmera é subjetiva e quando não o é, nós é que somos os confessores para quem Vincent fala de si. O escolhido para viver este papel foi Willem Dafoe, este camaleão que vai de Pasolini a Van Gogh com louvor.

Roteirizado por Jean-Claude Carrière de “Amante Por Um Dia” (2017) e “A Insustentável Leveza do Ser” (1988) e; Louise Kugelberg, o enredo é uma aula de História da arte em conversas com Gauguin e obras de pintores que inspiraram Van Gogh. A Ideia de fazer do espectador uma espécie de psicanalista do impressionista famoso é genial. Aqui se tem postas a personalidade e o caráter do pintor interpretado brilhantemente por Willem Dafoe. O longa é dirigido por Julian Schanbel de “O Escafandro e a Borboleta” (2007)e tem uma pegada existencialista, além de se inserir nas paisagens pintadas pelo artista, como seus quadros o fazem com seu contemplador.

Das confissões de um esquizofrênico a incompreensão das pessoas da época; da visão multifocal do artista às suas atitudes tidas como insanes “No Portal da Eternidade” é o acompanhamento da jornada de um artista que reconhece ter nascido no tempo errado, de uma alma sensível posta num mundo de trogloditas. O filme é um painel da dor e da desconexão de Van Gogh com sua época e a abordagem é sensível, inteligente e artística.

“No Portal da Eternidade” é o olhar de fora viajando por dentro da alma de Vincent Van Gogh quase duzentos anos depois. Um primor!

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Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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