“Robin Hood” uma releitura contemporânea desleixada

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“Robin Hood” uma releitura contemporânea desleixada

Por | 2018-12-02T04:19:46-03:00 29 de novembro de 2018|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Robin Hood: A Origem (Robin Hood) (Ação/Aventura/Trhiller); Elenco: Taron Egerton, Jamie Foxx, Ben Mendelsohn, Eve Hewson, Jamie Dornan; Direção: Otto Barthust; USA, 2018. 116 Min.

Personagem do folclore inglês criado pelos séculos XIII e XIV, Robin Hood povoa o imaginário social da humanidade como o ladrão que roubava dos ricos para distribuir aos pobres, através da literatura e, depois do advento do cinema, neste suporte  desde 1913, dirigido por Theodor Marston e estrelado por William Russel. Sabemos que histórias são para serem criadas, recriadas, reinventadas, ressignificadas e contextualizadas de acordo com o tempo em que se vive ou são exibidas. Mas, alguns cuidados devem ser tomados nessa adequação. E neste quesito Ben Chandler (adaptador da história); David James Kelly (roteirista), Otto Bathurst (diretor) e Leonardo Dicaprio (produtor) não foram muito felizes.

Sem sair de seu tempo de criação, a Inglaterra do século XIII, na nona cruzada “Robin Hood: A Origem” traz questões atuais para o enredo, como: corrupção, bastidores do tráfico de influência, de ganância política, religiosa e manipulação ideológica. O quarteto da produção do longa optou pela abordagem da origem nobre de Robin Hood –  a versão oficial da história – mas, inovou nos signos postos para contextualizar na contemporaneidade. Trouxe uma coreografia de ação, fazendo um balé de movimento e cenas do gênero para os fãs do gênero. A questão é que a contextualização se deu no figurino com tecidos sintéticos que não existiam à época, com corte e acabamentos que só surgiram no século XX . Isso é bem visível para cinéfilos que têm um olhar mais apurado e atrapalha a atenção ao enredo da história. Adaptações de uma época medieval para a era moderna são possíveis, quando bem feitas e em conjunto com todos os aspectos de um filme, como fez Benjamin Caron em “Romeu e Julieta” adaptando-o para a década de 50 do século XX com um primor admirável. Sem tirar as marcas da literatura shakespeariana e recontextualizando tudo com maestria. Escolher um só aspecto técnico cinematográfico para usar como signo  para tal, descredibiliza o todo da obra.

Produzido por Leonardo Dicaprio “Robin Hood” (no original) investiu alto no elenco, com estrelas conhecidas que chamam público, como: Taron Egerton de “Kingsman: O Círculo Dourado” (2017); Jamie Foxx de “ Em Ritmo de Fuga” (2017) e oscarizado por “Ray” (2004); Ben Mendelsohn de “O Destino de Uma Nação” (2017) e; Eve Hewson de “Ponte de Espiões” (2015). Quanto ao restante de equipe, os cabeças estão em seu primeiro trabalho em longa metragem, como Bem Chandler, David James Kelly e o diretor Otto Bathust que é oriundo de séries de TV, dentre elas o primeiro episódio de “Black Mirror” – The Nation Anthen ( o do porco). Quanto ao figurino não foi falta de experiência, Julian Day fez um trabalho extraordinário em “No Coração do Mar” (2015), também de época, ambientado no século XIX. A trilha sonora  é de Joseph Trapanese de “O Rei do Show” (2017) cuja canção original concorreu ao Oscar. Logo, supõe-se que as inovações ‘modernas’ foram propositais e ficaram dissonantes.

“Robin Hood: A Origem” é uma produção insipiente, com cara de black blocs, que se aventura pela seara vida com contemporaneidade de conteúdo que coloca costura de máquina overlock (visível) no capuz de Robin Hood. O que incomoda muito os olhares mais atentos. Sem receio de parecer ‘cricri‘, mas já sendo, é uma produção descuidada em relação ao aspecto artístico. Mas, para quem não se importa com detalhes é um bom filme de ação com direito e coreografia e tudo…só isso.

 

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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