De 17 a 22 de junho deu-se a 10ª Mostra de Cinema de Ouro Preto 2015 (CineOP) que exibou em 33 sessões 104 filmes: 15 longa-metragens, 6 média metragens e 83 curta-metragens. Sendo que dos curtas 40 foram realizados em contexto escolar. O CineOP é um evento que trata cinema como patrimônio e que tem como objetivo a preservação da memória do cinema brasileiro e se apoia em três eixos: o da preservação, o da História e o da Educação.
Durante a última década o CineOP se tornou um palco de encontros, discussões e decisões do setor de preservação. Este eixo trouxe, este ano, como tema o acesso e a acessibilidade aos bens culturais audiovisuais por parte da população em geral e discutiu os entraves encontrados em relação a preservação física, a inventário, estudos e qualificação histórica dos filmes, a conversão de formatos, suportes e padrões a novas tecnologias e inserção das obras audiovisuais dos públicos diversos, incluindo os deficientes auditivos e visuais relativo a linguagem das libras e audio-descrição, por exemplo. Também foi feito um balanço dessa década de preservação por meio dos encontro nacional de arquivos e acervos audiovisuais brasileiros, debates, diálogos e lançamento de livros. A homenageada do eixo foi Fernanda Coelho, bacharel em Comunicação Social, especializada em Cinema, museóloga e mestre em Ciências da Comunicação (EC/USP).
Sobre o eixo histórico, este ano, foi voltado para a trajetória do negro na história do cinema nacional, a representação dos personagens negros no cinema, a temática abordada nos filmes, como “Também somos irmãos” (1949) de José Carlos Burle, “A Rainha Diaba” (1974) de Antônio Carlos Fontoura, dentre outros; as variações de enfoque de acordo com os olhares dos produtores, roteiristas e diretores. A mesa de debates que foi a culminância desse eixo foi: O negro em Movimento, mediada pelo Professor e pesquisador Maurício R. Gonçalves que tinham como convidados: o Cineasta Antônio Carlos Fontoura, os atores Milton Gonçalves e Antônio Pitanga e o crítico de cinema Inácio Araújo.
O eixo educacional gerido pela Rede Kino: Rede Latino-Americana de educação Cinema e Audiovisual centrou seus debates na nova lei 13.006/06/2014 que estabelece a obrigatoriedade de exibição de filmes nacionais nas escolas de educação básica (ensinos fundamental e médio). A proposta de discussão contou com 3 mesas com apresentação de trabalhos acadêmicos sobre o tema e uma mesa de debate com os professores: Adriana Fresquet (UFRJ), Carla Dozzi (Minc/DF), Cesar caligari (CNE/DF), Inês Teixeira (UFMG) Ítalo Dutra (MEC/DF). A discussão contou com a participação de pesquisadores, produtores e representantes de organizações do meio cinematográfico e audiovisual. Este eixo homenageou o CINEDUC, uma instituição pioneira na América Latina no ensino de Audiovisual para crianças e adolescentes e que, este ano, comemora 45 anos. As homenagens foram através das professoras Marialva Monteiro e Elizabete Bullara.
Mas o grande homenageado da 10ª Mostra de Cinema de Ouro Preto foi o ator Milton Gonçalves pela sua importância cultural e artística para o audiovisual brasileiro, pelos seus cinquenta anos de interpretação de personagens que encarnam nuances de nossa brasilidade e pela sua integridade como figura pública consciente de suas atitudes e posturas midiáticas.
Isso tudo constitui o CineOP num espaço único e privilegiado para discutir cinema e ver cinema. Os longa-metragens se dividiram em três mostras diferentes: mostra histórica, mostra preservação e mostra contemporânea. Os da mostra contemporânea foram os que estão fase de pré-estreia como: “My Name is Now, Elza Soares” de Elizabete Martins Campos, “A Paixão de JL” de Carlos Nader, o grande vencedor do Festival de documentários ” Tudo Verdade” 2015 e “Retratos de Identificação” de Anita Leandro.
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