Samuel Chalard, Abbas Kiarostami, Lucrécia Martel e Felipe Barbosa. Estilos diferentes no mesmo lugar

>>Samuel Chalard, Abbas Kiarostami, Lucrécia Martel e Felipe Barbosa. Estilos diferentes no mesmo lugar

Samuel Chalard, Abbas Kiarostami, Lucrécia Martel e Felipe Barbosa. Estilos diferentes no mesmo lugar

Por | 2018-06-17T01:06:07-03:00 24 de outubro de 2017|Mostras e Festivais|0 Comentários

Garimpar uma lista de filmes para assistir é uma das coisas mais difíceis, não só pela riqueza do que é apresentado como pelo nosso limite de tempo de 24 horas diárias. Pinçamos alguns filmes estrangeiros premiados em festivais, outros que estão representando seus países na corrida do Oscar 2018 e, ainda, filmes nacionais premiados em festivais fora do país. Confira as primeiras impressões do Blog Cinema e Movimento!

Favela Olímpica de Samuel Chalard; Suiça, 2017, Colorido, 93 Min. (Documentário)

Samuel Chalard é um cineasta suiço que estreia na direção de seu primeiro longa-metragem e decidiu registrar o final da situação dos moradores da Vila Autódromo. O último ano antes da Olimpíada 2016. A situação de desapropriação dos moradores daquela comunidade foi abordada pela professor e cineasta Felipe Penna em “Se Essa Vila Não Fosse Minha” e se inseriu como conexão de um dos braços da abordagem no docu-drama dirigido por Rodrigo Mac Niven “Olympia 2016”. O documentário é um olhar de fora, com outras redes de significações e outra realidade para a realidade brasileira com sua falta de civilidade, cumprimento das leis e falha de caráter coletivo e nos apresenta o desfecho dessa saga com a realização das Olimpíadas.

24 Frames de Abbas Kiarostami. Irã/França, 2016; colorido e P&B, 120 Min (documentário)

O cineasta iraniano, falecido em 2016, nos apresenta seu último longa-metragem composto de 24 curtas silenciosos e, em sua maioria, com fotografia em preto e branco. Inspirado em sua experiência com a fotografia logo no início de sua carreira, Abbas apresenta um recorte de tempo no cotidiano de bichos (alces, vacas, gaivotas, lobos, ovelhas, corvos, pombos, patos  etc.) em que a interseção entre eles é o que nós convencionamos chamar de gentilezas, instintos naturais, solidariedades, condolências, conjunção carnal, cuidados com os mais velhos, rebeldia da juventude, etc. O longa mostra, sem nenhuma narrativa oral, situações em que essas habilidades são usadas por animais de acordo com a sua natureza. E num contraponto, um dos frames trabalha os mesmos aspectos com humanos. Simples e genial.

Zama de Lucrécia Martel. Argentina/França/Espanha/Brasil/México/EUA/ Holanda/ Portugal, 2017; colorido, 114 Min. (ficção)

Um oficial representante do reino da Espanha, vivendo numa colônia encaminha um ofício solicitando transferência para um lugar melhor depois de bastante tempo de serviços prestados à coroa. Como a transferência não vinha nunca,  a vida Dom Diego Zama (Daniel Gimenez Cacho) se transformava num marasmo insuportável. Por revolta se junta a um grupo para caçar um bandido famoso chamado Vicunha Porto (Matheus Nachtergaele). A abordagem da cineasta Lucrécia Martel de “A Mulher Sem Cabeça” (2008) é sobre a história da burocracia, do forma de uso das necessidades alheias como expediente de uso espúrio de poder, a velha conhecida mesquinhez e mediocridade. Ela faz um passeio pelas nossas raízes e costumes latinos de forma quase que antropológica. O filme é o representante da Argentina na corrida ao Oscar 2018.

Gabriel e a Montanha de Felipe Barbosa. Brasil/França, 2017, Colorido, 131 Min. (Drama)

Ganhador do Grande Prêmio da semana da crítica no Festival de Cannes “Gabriel e a Montanha é uma grata homenagem a um amigo montanhista e aventureiro. O longa-metragem é resultado de pesquisa dos lugares por onde Gabriel Buchmann passou, de depoimentos da pessoas que o conheceram e de compilação de fotos que ele tirou dentro daquele espaço de tempo abordado no longa. Estrelado por João Pedro Zappa de “Boa Sorte” (2014) e dirigido por Felipe Barbosa de “Casa Grande” (2014), o filme surpreende pela abordagem, pela sensibilidade e por apresentar ao mundo alguém tão especial e livre de preconceitos.

Crítica completa: (Aqui!)

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

Deixar Um Comentário