Na manhã desta segunda-feira (15/03) foi anunciada a lista definitiva dos indicados a maior premiação do cinema mundial da temporada 2020 – O Oscar. No momento em que vivemos uma pandemia é necessário lembrar que os critérios que tornam um filme elegível à premiação foram flexibilizados. Pela regra oficial – uma delas – um filme tem que ser exibido por, pelo menos uma semana, em salas de cinema para ter condições de concorrer ao prêmio. Mas, devido à pandemia, a temporada 2020 foi severamente prejudicada pelo fechamento das salas de exibição. Então, se definiu que, os filmes que tivessem sua programação de estreia entre os dias 01/01/2020 e 28/02/2021, mesmo que não estreassem e fossem para diretamente para o streaming, poderiam ser candidatos ao premio.
Essa foi apenas uma das atipicidades da premiação 2021. Quanto à presencialidade da celebração ela também está comprometida e deve seguir o mesmo protocolo do Globo de Ouro, com gravações ao vivo em lugares diferentes, em relação aos apresentadores e os indicados acompanhando a cerimônia de suas casas, por questões sanitárias. Mas, após as indicações, as diferenças já se fizeram sentir para além do formato e da flexibilização de critérios. Trata-se do estilo dos filmes, da presença asiática bastante marcante, da mistura étnica e da liderança, sem nenhuma cerimônia, de produções de plataformas streamings.
Em relação ao estilos dos filmes, a primeira coisa que o espectador mais aplicado pode sentir falta é de um bom blockbuster no estilo “Coringa”, não tem. A maioria dos filmes são intimistas e com cara de televisão, de “Festival Eurovisão da canção: A Saga de Sigrit e Lars” (Netflix) que concorre na categoria de melhor canção à “Professor Polvo” (Netflix) um filme que parece as aventuras de Jean Jacques Costeau, que concorre na categoria documentário, sentimos a falta de memória da sala de cinema, da sala coletiva, escura que juntava e criava uma egrégora energética em torno dos filmes e elevava-os a outro estado de coisas. Com isso, não quero dizer que a premiação tenha perdido seu glamour, mas que ficou menos distante, mais comum, sim. A impressão que temos é a de que se perdeu um pouco de sua aura. Possivelmente, esse processo é um repeteco do que representou para o cinema, no final da primeira metade do século XX, a invenção da televisão. Estamos a viver tempos de resignificação e de novidades desconfortáveis, de mudanças de paradigmas que ainda não conseguimos vislumbrar, por estarmos na ilha, como já dizia o bom e velho Saramago.
Em relação à diversidade, temos uma invasão asiática à reboque de “Parasita”, premiado do ano passado. A diretora chinesa Chloé Zhao de “Nomadland”(Hulu) – um dos favoritos – concorre a nada menos que quatro indicações (filme, direção, roteiro e edição), e é a primeira mulher não branca a concorrer à honraria como diretora. E mais, ela não está sozinha, está concorrendo com outra mulher na categoria de direção (isso é inédito), a britânica Emerald Fennell por “Bela Vingança” (que aguarda estreia nos cinemas). O filme chinês “Better Days” (Netflix) concorre na categoria de filme estrangeiro; a animação chinesa “A Caminho da Lua” (Netflix) concorre na categoria de melhor longa de animação e o sul coreano “Opera” concorre na categoria de curta de animação. Temos ainda, a Palestina na disputa da categoria de curta-metragem e a Islândia na categoria de curta de animação. Mas, não é só isso…. as indicações do ator sul-coreano Steve Yeun, o Glen de “The Walking Dead” e a compatriota Youn Yuh-Jung nas categorias de ator principal e atriz coadjuvante, ambos por “Minari” e o muçulmano paquistanês Riz Ahmed de “O Som do Silêncio” (Amazon) concorrendo também na categoria de ator principal. Sem contar a quantidade de filmes com negros e temática racial nas indicações: “Uma Noite em Miami” (Amazon); “A Voz Suprema do Blues” (Netflix); “The United States Vs Billie Holiday” e “Destacamento Blood” (Netflix). Neste contexto, Viola Davis está indicada por “A Voz Suprema do Blues” e Chadwick Boseman também pelo mesmo filme….o painel de diversidade desenhado é de tirar o chapéu.
Mas, a vingança dos Jedis fica por conta das produtoras de conteúdo streaming. A poderosa Netflix levou nada mais, nada menos que 35 (isso mesmo, trinta e cinco) indicações. Com essa glória sendo batalhada à custa de muito sangue, suor e lágrimas pelos festivais de CINEMA mundo afora desde 2015 com “The Beasts of No Nation” como selecionado, indicado e premiado no Festival de filmes de Veneza; apostando em “Okja” (2017) em Cannes e engolindo os sapos de Almodóvar a Spielberg. Chegamos à consideração de que “ri melhor quem ri por último”… A Amazon teve 12 indicações, a Apple TV, duas: “Wolfwalkers”, produção irlandesa que concorre na categoria longa de animação, e “Greyhound: Na Mira do Inimigo” que concorre na categoria de melhor som; e o Hulu, uma: “Nomadland”, que diga-se passagem parece ser o favorito. Ou seja, o conservadorismo que se cuide que a quebra de paradigmas está chegando para desfilar na avenida… “ô abre-alas que eu quero passar…”
Depois de pintar o mosaico da 93ª edição do Oscar, vale lembrar que a cerimônia será realizada no dia 25 de Abril de 2021 e será online. Sem mais delongas, vamos à tão aguardada lista dos candidatos ao careca dourado; Confira!
Melhor filme:
- “Meu Pai” de Florian Zeller
- “Judas e o Messias Negro” de Shaka King
- “Minari” de Lee Isaac Chung
- “Nomadland” de Chloé Zhao
- “Bela Vingança” de Emerald Fennell
- “O Som do Silêncio” de Darius Marder
- “Os 7 de Chicago” de Aaron Sorkin
- “Mank” de David Fincher
Melhor ator principal:
- Riz Ahmaed por “O Som do Silêncio”
- Chadwick Boseman por “A Voz Suprema do Blues” de George C. Wolf
- Anthony Hopkins por “Meu Pai”
- Gary Oldman por “Mank”
- Steven Yeun por “Minari”
Melhor atriz principal:
- Viola Davis por “A Voz Suprema do Blues”
- Andra Day por “The United States Vs Billie Hollyday” de Lee Daniels
- Vanessa Kirby por “Pieces of Woman” de Kornél Mundruczó
- Frances McDormand por “Nomadland”
- Carey Mulligan por “Bela Vingança”
Melhor ator coadjuvante:
- Sacha Baron Cohen por “Os 7 de Chicago”
- Daniel Kaluuya por “Judas e o Messias Negro”
- Leslie Odom Jr. “Uma Noite em Miami” de Regina King.
- Paul Raci por “O Som do Silêncio”
- Lakeith Stanfield por “Judas e o Messias Negro”
Melhor atriz coadjuvante:
- Maria Bakalova por “Borat : Fita de cinema seguinte” de Jason Woliner
- Glen Close por “Era Uma Vez Um Sonho” de Ron Howard
- Olivia Colman por “Meu Pai”
- Amanda Seyfried por “Mank“
- Youn Yuh-Jung por “Minari”
Melhor fotografia:
- Sean Bobbit por “Judas e o Messias Negro”
- Erick Messerschmidt por “Mank”
- Dariuz Wolski por “Relatos do Mundo” de Paul Greengrass
- Joshua James Richard por “Nomadland”
- Phedon Papamichael por “Os 7 de Chicago”
Melhor figurino:
- Alexandra Byrne por “Emma” Autumn de Wilde
- Ann Roth por “A Voz Suprema do Blues”
- Trish Summerville por “Mank”
- Bina Daigeler por “Mulan”
- Massimo Cantini Parrini por “Pinóquio” de Matteo Garrone
Melhor direção:
- Thomas Vinterberg por “Druk: Mais Uma Rodada”
- David Fincher por “Mank”
- Lee Isaac Chung por “Minari”
- Chloé Zhao por “Nomadland”
- Emerald Fennell por “Bela Vingança”
Melhor documentário:
- “Collective” de Alexander Nanau (Romênia)
- “Crip Camp: Revolução Pela Inclusão” de James Lebrecht e Nicole Newnham (USA)
- “The Mole Agent” de Maite Alberdi (Chile)
- “O Professor Polvo” de Peppa Ehrlich e James Reed (Africa do Sul)
- “Time” de Garrett Bradley (USA)
Melhor documentário em curta-metragem:
- “Colette” de Hugues Lawson Body (USA)
- “A Concerto is a Conversation” de Kris Bowers e Ben Prodfoot (USA)
- “Do Not Split” de Anders Hammer (Noruega)
- “Hunger Ward” de Skye Fitzgerald (USA)
- “Uma Canção para Latasha” de Sophia Nahli Allison (USA)
Melhor montagem (edição):
- Yorgos Lamprimos por “Meu Pai”
- Chloé Zhao por “Nomadland”
- – Frèdèric Thoraval por “Bela Vingança”
- Mikkel E. G. Nielsen por “O Som do Silêncio”
- Alan Baumgarten por “Os 7 de Chicago”
Melhor filme estrangeiro:
- “Druk – Mais uma rodada” de Thomas Vinterberg (Dinamarca)
- “Better Days” de Derek Tsang (China)
- “Collective” deAlexander Nanau (Romênia)
- “O Homem que Vendeu sua Pele” de Kaouter Ben Hania (Tunísia)
- “Quo Vadis, Aída?” de Jasmila Zbanic (Bósnia)
Melhor animação:
- “Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica” de Dan Scanlon (USA)
- “O Caminho da Lua” de Glen Keane e Josh Kahrs (China)
- “Shaun, o carneiro: O Filme – A Fazenda contra-ataca” de Will Becher e Richard Phelan (Reino Unido)
- “Soul” de Peter Docter e Kemp Powers (USA)
- “Wolfwalkers” de Tomm Moore e Ross Stewart (Irlanda)
Melhor cabelo e maquiagem:
- Marise Langan, Laura Allen e Claudia Stalze por “Emma”
- Erin Kueger Metash, Matthew Mungle e Patricia Dehaney por ” Era Uma Vez Um Sonho”
- Sergio Lopez-Rivera, Mia Neal e Jamka Wilson por “A Voz Suprema do Blues”
- Gigi Williams, Kimberly Spiteri e Collen Labaff por “Mank”
- Mark Coullier, Dalia Colli e Francesco Pegoretti por “Pinóquio”
Melhor trilha sonora:
- Terence Blanchard por “Destacamento Blood” de Spike Lee
- Trent Reznor e Atticus Ross por “Mank”
- Emile Mosseri por “Minari”
- James Newton Howard por “Relatos do Mundo”
- Trent Reznor, Atticus Ross e Jon Batiste por “Soul” de Peter Docter e Kemp Powers
Melhor canção:
- H.E.R; D’Mille e Tiara Thomas por “Fight for You” (Judas e o Messias Negro)
- Celste Wait, Daniel Pemberton por “Hear My Voice” (Os 7 de Chicago)
- Richard Göransson, Savan Kotecha e Fat Max Gsus por “Hussavik” (Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars de David Dobkin)
- Diane Warren, Laura Pausini por “Lo Si” (Rosa e Momo de Edoardo Ponti)
- Leslie Odom Jr, Sam Ashworth por “Speak Now” (Uma Noite em Miami)
Melhor designer de produção:
- Peter Frances, Cathy Featherstone por “Meu Pai”
- MArk Rcker, Karen O’Hara, Diana Sthoughton por “A Voz Suprema do BLues”
- Donald Graham Burt, Jan Pascale por “Mank”
- David Crank. Elisabeth Keenan por “Relatos do Mundo”
- Nathan Crowby, Kathy Lucas por “Tenet” de Christopher Nolan
Melhor curta de animação:
- “Burrow” de Madeleine Sharafian (USA)
- “Genius Loci” de Adrien Merigeau (França)
- “If Anything Happens — I Love You” de Michael Govier e Will McCormack (USA)
- “OPera” de Erick Oh (Coréia do Sul)
- “Yes-People” de Gisli DArri Halldoison (Islândia)
Melhor curta-metragem:
- “Feeling Through” de Dough Roland (USA)
- “The Letter Room” de Elvira Lind (USA)
- “The Present” de Farah Nabulsi (Palestina)
- “The Distant Strangers” de Travon Free, MArtin Desmond Roe (USA)
Melhor som:
- Warren Shaw, Michael Menkler , Beau Borders e EDavid Wyman por “Greyhound: Na Mira do Inimigo” de Aaron Schneider
- Ren Klyce, Jeremy Molod, David Parker, Nathan Nace e Drew Kunin por “Mank”
- Oliver Torney, Mike Prestwood Smith, Willian Miller e John Pritchett por “Relatos do Mundo”
- Ren Kyce, Coya Elliot e David Parker por “Soul”
- Nicolas Becker, James Baksht, Michelle Couttolenc, Carlos Cortês Novarrete e Phillip Bladh por “O Som do Silêncio”
Melhores efeitos visuais:
- Matt Sloan, Genevieve Camilleri, Matt Everitt e Brian Cox por ” Problemas Monstruosos” de Michael Matthews.
- Matt Kasmir, Chris Lawrence, Max Solomon e David Watkins por “O Céu da Meia-Noite” de Geroge Clooney
- San Andrew FAden, Anders Langlanders, Seth Maury e Steve Ingram por ” Mulan” de Nick Caro
- Nick Davis, Greg Fisher, Ben Jones e Santiago Colomo Por “O Grande Ivan” de Thea Sarrock.
- Andrew Jackson, DAvid Lee, Andrew Lockloy e Scott R. Fisher por “Tenet”
Melhor roteiro adaptado:
- “Borat: A Fita de Cinema Seguinte”
- “Meu Pai”
- “Nomadland”
- “Uma Noite em Miami
- “O Tigre Branco” de Ramin Bakromi (Índia)
Melhor roteiro original:
- “Judas e o Messias negro”
- “Minari”
- “Bela Vingança”
- “O Som do Silêncio”
- “Os 7 de Chicago”
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