O Vendedor de Sonhos (Drama); Elenco: Dan Stulbach, César Trancoso, Thiago Mendonça, Leonardo Medeiros, Marcelo Valle, Dani Antunes; Direção: Jayme Monjardim; Brasil, 2016. 93 Min.
Baseado no livro homônimo do psiquiatra Augusto Cury, e dirigido por Jayme Monjardim “O Vendedor de Sonhos” se caracteriza como uma obra de autoajuda pelo seu formato motivacional e de aconselhamentos sobre situações do cotidiano, como: perda de ente queridos, stress profissional, desesperos diante da vida e sofrimentos. Então, o que temos são mensagens de orientação de vida sempre com o foco na reflexão, num roteiro simples, sem metáforas imagéticas, com um conteúdo bem mastigado e de fácil digestão.
A história se resume no encontro entre dois homens. Um tentando o suicídio, o psicólogo Julio César (Dan Stulbach) e o outro, um indivíduo que, um dia, fora um megaempresário e que após uma tragédia decide viver com o básico e refletir sobre a vida. O Mestre (César Trancoso) passou a ajudar pessoas em momentos de dificuldades e a fazer discursos motivacionais em público para transeuntes se transformando numa espécie de Sócrates pós-moderno – para quem tem as redes de significações na Filosofia – ou um líder espiritual – para quem tem as redes de significações na religiosidade – tentando fomentar nos outros a iluminação que teve. A linha de salvação de si mesmo num mundo doente nos remete a “Nosso Lar” (2010), embora em nenhum momento se fale de religião nem de espiritualidade.
Em “O Vendedor de Sonhos” há que se separar dois aspectos: o da mensagem, que é o objetivo do longa, e o da obra cinematográfica com seus aspectos técnicos, juntamente com o público para o qual se dirige. Quanto à mensagem é um alerta importante, tanto no que diz respeito a autoajuda quanto aos aspectos filosóficos e sociológicos constantes na história. Sobre as tecnicalidades, em relação ao roteiro escrito por L.G.Bayão de “Irmã Dulce” (2014) ele é superficial, com abordagem simples e óbvia e tudo explicadinho e mastigado. Dirige-se, basicamente, ao público de novelas, nicho em que Jayme Monjardim faz Relativo sucesso. O diretor de “O Tempo e Vento” (2013) e “Olga” (2004) é mais conhecido pelo seu trabalho popular em telenovelas, nas quais com um estilo sentimental e de linearidade temporal bem marcados, arrebata respeitosa audiência.
O destaque do filme fica por conta de César Trancoso, premiado ator uruguaio que tem na estante dois Kikitos de ouro por “A Oeste do Fim do Mundo” (2013) e “O Banheiro do Papa” (2007), além de outros prêmios como o da Academia de Artes e Ciências Argentina e da crítica uruguaia por outras obras. Em Terras Brasileñas César Trancoso atuou em “Faroeste Caboclo” (2013) e “Prova de Coragem” (2015). Prosseguindo ainda, com a fotografia de Nonato Estrela de “Em Nome da Lei” (2016) que é um capítulo à parte e que desenha o estado emocional para além das atuações e da mise en scène.
Em suma, “O Vendedor de Sonhos” equivale a uma boa leitura de Minutos de sabedoria em doses cavalares com duração de uma hora e meia em exibição imagética e com trilha sonora. Um produto que cai sob medida em época natalinas e de avaliação dos feitos do ano para traçar novas metas para o ciclo seguinte. Filosofia em cápsulas, o filme é didático e tem um alcance acessível a todos .
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