>>Pantera Negra e o respeito às tradições

Pantera Negra e o respeito às tradições

Por | 2018-05-28T01:16:20-03:00 24 de abril de 2018|Colunistas|3 Comentários

Recentemente, fomos presenteados com um dos melhores filmes da Marvel Studios, Pantera Negra. Digo isso pela fidelidade da essência do herói e rei com relação às ideias originais dos quadrinhos e pela caracterização tanto dos heróis quanto dos vilões, principalmente o Killmonger. Há também o fato de o filme abordar assuntos bem presentes no dia a dia da maioria, como todo o contexto dos negros na sociedade. Temas sérios que não foram abordados de maneira nem um pouco leviana, apesar de não ter sido posto a cada cinco minutos sob os holofotes, como a maioria de filmes com personagens negros fazem.


Diferentemente de todos os demais filmes da Marvel, esse é composto por um elenco majoritariamente negro, finalmente fazendo jus às tradições de culturas negligenciadas pertinentes ao continente africano. Toda a construção da cidade-fantasia Wakanda é feita para dar a ideia de muita inovação e modernidade, mas também há o lado antigo e um tanto quanto místico. O fato de a cidade ser uma monarquia, por si só, já demonstra o respeito ao tradicionalismo da cultura, além dos rituais seguidos para se tornar um rei e o próprio comportamento do povo, com tanta reverência a essas raízes. Até a trilha sonora do filme é feita para localizar o espectador no tempo e espaço, alternando entre os rap’s e hip hop’s mais modernos para tambores cerimoniais, exaltando ainda mais a diferença entre T’Challa e Killmonger, os estilos de vida de ambos e a própria visão de mundo que eles têm.


E não se pode deixar de falar sobre a atuação impecável dos atores e construção detalhada das personalidades dos vilões do filme, Ulysses Klaw e Killmonger. O contrabandista insano, conhecido também como Garra Sônica, conseguiu transmitir muito bem a essência de um sociopata, magistralmente interpretado por Andy Serkis. Mesmo em uma trama em que seu destaque não foi dos maiores, não há como negar o quanto ele marcou cada cena em que apareceu. E, enfim, o nêmeses do nosso herói, primo do Pantera Negra e a encarnação da indignação afrodescendente com a supremacia branca. Seus ideais e interesses são reais e extremamente lógicos, justificáveis até, não obsessões de uma vida insana de algum paranoico, como funciona com a maioria dos vilões homicidas, o que faz com que seja fácil concordar com seus planos, mesmo que eles incluam extermínio global. A construção do caráter desse personagem foi, sem dúvida, algo a mais para os roteiristas se orgulharem.

Sobre o Autor:

Eu sempre vi a mim mesma como alguém mais de livros e personagens fictícios do que pessoas...Se eu fosse compactar minha vida, diria que eu sou um pouquinho de cada livro que li, de cada filme que vi e de cada série que acompanhei. E coloco muito de mim em tudo em que escrevo, porque eu realmente não sei ser imparcial.

3 Comentários

  1. Rosa Medeiros Ramos 22 de junho de 2018 em 20:58 - Responder

    Excelente artigo escrito por Isabelle Sgarbi.

  2. Antonio Fernandes 23 de junho de 2018 em 00:04 - Responder

    Adorei seus comentários. Parabéns.

  3. Ana Serra 23 de junho de 2018 em 14:22 - Responder

    Muito boa a crítica!
    Enaltecendo os detalhes relevantes para a compreensão da história contada no filme.
    Parabéns!

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