Polêmica no Oscar 2021: o exemplo da auratização que vale mais que a vida

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Polêmica no Oscar 2021: o exemplo da auratização que vale mais que a vida

Por | 2021-03-21T02:04:41-03:00 20 de março de 2021|Colunistas|0 Comentários

A pandemia está virando o mundo de ponta-cabeça. Imagine um cerimonial de cinema cheio de protocolos com contratos comerciais bilhardários ter seus pilares de sustentação financeiro e de glamourização abalados de uma hora para outra? Ter seus filmes exibidos em plataforma streaming esvaziando o ritual quase litúrgico da ida ao cinema existente a mais ou menos 120 anos? Imagine uma cerimônia que por 93 anos foi marcada pelo seu elitismo, pompa e circunstância não ter um tapete vermelho para a exibição dos artigos da alta costura no corpo de suas atrizes? Imagine um indicado ao prêmio recebe-lo de pijamas (o que é a cara do nosso momento e uma metáfora genial de nossa adaptabilidade a uma situação sui generis), como fez Jodie Foster ao receber seu Globo de Ouro nesta edição?

Pois é, os produtores do evento já imaginaram tudo isso e não gostaram do que viram. Ontem (19/03) foi divulgada uma nota pelos produtores do evento Steven Soderberg, Stacey Sher e Jesse Collins de que a plataforma zoom e trajes informais não serão opção na 93ª edição do Oscar. Que a cerimônia será um encontro íntimo e pessoal limitado aos indicados, seus convidados e aos apresentadores presencialmente. Divulgaram ainda que serão utilizados testes de PCR e instruções para realização de viagens para os indicados que estão fora de Los Angeles e orientações para quem está em Los Angeles. Que serão seguidos rígidos protocolos de segurança sanitária para que a cerimônia possa ser realizada em dois lugares diferentes com todo glamour de costume. Característica, essa, que é sua marca registrada. O evento cotará ainda com uma pequena cerimônia de confraternização de 90 Minutos antes da transmissão da premiação em substituição ao jantar de gala usual.

Analisando friamente, a edição 2021 do Oscar vai de encontro a todas as cerimônia de premiação realizadas até aqui: O Globo de Ouro , o Grammy e outros, num momento em que, em todos os EUA foram registrados mais de 29. 692. 901 casos de contaminação pelo vírus, mais de 539.207 mortes e só em Los Angeles são mais 1.213.242 casos de contaminação com 22.664 mortes. Mesmo com a vacinação dentro do cronograma, qualquer leigo sabe que ainda não é hora de dar este exemplo à população. O cinema trabalha com isso no imaginário social – formação de opinião, fomento de atitudes e proposta de ideias – mesmo que não queiramos admitir. um cidadão comum jamais terá o mesmo nível de segurança que os recursos de uma categoria industrial, como a do cinema tem, para se proteger e proporcionar aos seus partícipes. Mas, o exemplo fica, e vai ladeira abaixo. O que vemos é uma resistência muito grande a adaptação de uma nova realidade, mesmo que momentânea. Tudo isso por causa dos direitos de transmissão, pois verificou-se uma queda de audiência nas premiações anteriores em relação ao ano passado. Isso, na verdade é um indício de que a maioria da população daquele país tem mais acesso à televisão do que à internet. O que poderia ser um bom indicador para mudar essa situação fomentando um programa de inclusão digital e não uma exposição ao vírus e um péssimo exemplo para toda uma sociedade.

A cerimônia, agora, presencial do Oscar acontecerá dia 25/04 presencialmente divida em dois espaços: O Dolby Theater e a estação ferroviária Union Station em Los Angeles.

  • Editado em 21/03/2021

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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