‘Gauguin – Uma Viagem ao Taiti’ um recorte de personalidade

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‘Gauguin – Uma Viagem ao Taiti’ um recorte de personalidade

Por | 2018-08-26T02:37:07-03:00 26 de agosto de 2018|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Gauguin: Uma Viagem ao Taiti (Gauguin: Voyage to Taiti) (Biografia/Drama/Romance); Elenco: Vincent Cassel, Tuheï Adams; Direção: Edouard Deluc; França, 2017. 102 Min.

Essa temporada nos deu filmes sobre pintores que, concorreu ao Oscar: “Com Amor, Van Gogh”; que trouxe luz sobre a personalidade de Egon Schiele: “Egon Schiele: a Morte e a Donzela” e agora é a vez de Paul Gauguin. “Gauguin: Uma Viagem ao Taiti” é um recorte de tempo na vida do artista que vai de 1891 a 1893 e que, se debruça sobre sua personalidade e retrata um tempo que lhe rendeu algumas de suas obras mais conhecidas.

Paul Gauguin (1848-1903) foi um pintor francês pós-impressionista, amigo de Van Gogh (1853-1890), conhecido por não se encaixar em parâmetros fechados de escolas estilísticas e considerado o fundador do grupo Les Nabis, que pensava ao obra de arte como o ponto de vista do artista e representativa de uma filosofia de vida. Em específico, negava o impressionismo e postulava o retorno ao princípio, ou seja, a arte primitiva. Paul Gauguin viveu de forma itinerante, com dificuldades financeiras e problemas de saúde e morreu na pobreza. Em 2015 teve sua pintura Nafea Faa Ipoipo vendida para o museu do Qatar por trezentos milhões de dólares e desbancou a obra de arte mais cara do planeta “Os Jogadores de Cartas” de Paul Cézanne em mais de cinquenta milhões de dólares. Independente do reconhecimento tardio, bem comum na modalidade de vida primitiva que vivemos, Paul Gauguin ganhou um longa metragem dirigido por Edouard Deluc e estrelado por Vincent Cassel que conta a história de sua primeira viagem ao Taiti.

Com uma direção de arte assinada por Antoine Dore, o longa tem Vincent Cassel de “É Apenas o Fim do Mundo” (2016) no papel de Gauguin e a novata e nativa do Taiti Tuheï Adams como sua musa Tehura. Além das atuações o que se destaca é a trilha sonora de Warren Ellis de “Cinco Graças” (2015) e “A Qualquer Custo” (2016) e a paisagem fantástica da Polinésia Francesa capturada pela câmera de Pierre Cottereau de “Viva a França!” (2015) fecha a tampa redondinho dessa homenagem. O processo de criação da obra partiu do Diretor Edouard Deluc que após ler o diário de viagem de Paul Gauguin, Noa Noa  se encantou e, inspirado em filmes como: “Rio da Aventura” (1952); “Inferno no Pacífico” (1968); “Mais Forte que a Vingança” (1972) e “O Segredo das Águas” (2014), Deluc compilou juntamente com outros três roteiristas o viés do recorte de tempo na vida de Gauguin.

“Gauguin: Uma Viagem ao Taiti” é um filme para todos os públicos, independente de apreciarem ou não artes plásticas. Pois, é uma história humana, de um indivíduo insatisfeito com a sociedade e suas engrenagens e que, contra todos os prognósticos, lutou pelo que queria fazer e ser. Como vemos a questão existencialista é antiga e persiste até hoje. Para além de conhecer a personalidade do pintor, muito bem desenhada no longa, a narrativa é também uma lição de vida e mostra que não temos o controle de nada. Vale mais que o ingresso.

 

Nafea Faa Ipoipo (1892)

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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