‘Nos Vemos no Paraíso’ um painel de táticas do cotidiano

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‘Nos Vemos no Paraíso’ um painel de táticas do cotidiano

Por | 2018-08-22T04:26:51-03:00 25 de julho de 2018|Crítica Cinematográfica|0 Comentários

Nos Vemos no Paraíso (Au Revoir lá-haut/ See you up there) (Drama); Elenco: Nahuel Pérez Biscayat, Albert Dupontel, Laurent Lafitte, Niel Arestrup; Direção: Albert Dupontel; França/Canadá, 2017. 117 Min.

 

O grande vencedor de 2018 de César (o Oscar francês) foi “Au Revoir lá haut” de Albert Dupontel. Ganhador da estatueta nas categorias de roteiro adaptado, fotografia, figurino, designer de produção e diretor, “Nos Vemos no Paraíso” (versão brasileira) também tem excelentes atuações, além do roteiro sensacional.

Baseado no livro de Pierre Lamaitre, o longa conta a história de Edouard Pericourt (Nahuel Pérez Biscayat), um filho discriminado por seu pai Marcel (Niels Arestrup) por causa de seu talento artístico, quando o que se esperava era que se dedicasse aos negócios da família. Decide, então, se alistar no exército para servir seu país na Primeira Guerra Mundial. Mutilado no rosto em combate, opta por não voltar para casa e pede ao amigo de trincheira, Albert Mailard (Albert Dupontel) para ajuda-lo a dar-se oficialmente como morto. Feito isso, começam uma vida difícil, financeiramente, com muitos atropelos, até que ficam sabendo do projeto de seu pai de financiar um monumento aos mortos da Primeira Guerra. Edouard, vê aí uma oportunidade fazer seu pé de meia e ainda vingar-se de seu pai. Mas, no meio do caminho de seus intentos tem o oficial psicopata Henri Pradelle (Laurent Lafitte), que agora é seu cunhado. Dupontel e Pierre Lemaitre fazem uma abordagem que louva a vida com todas as suas dificuldades, apresentando a forma com a qual Edouard administra sua dor e miséria. Mostra os altos e baixos das relações e faz uma radiografia de caráter dos personagens com muita competência.

Apesar dos prêmios de “Nos vemos no Paraíso” serem  técnicos (e merecidos) as atuações estão espetaculares. Nahuel Pérez Biscayat de “120 Batimentos por Minuto” (2017) está soberba atuando de máscara, com grunhidos e majoritariamente com o olhar. O respeitado Niels Arestrup de “Diplomacia” (2014) está visceral no papel de pai tirano. Mas, quem rouba a cena mesmo é Laurent Lafitte de “Elle” (2016). Albert Dupontel, ator, diretor e roteirista conhecido por “Uma Juíza sem Juízo” (2013), aqui dirige, roteiriza e interpreta o amigo Maillard. O grande primor do filme no quesito técnico é o figurino e a designer de produção, que está impecável.

“Nos Vemos no Paraíso” mesmo falando de guerra e relações humanas e ambientado no século passado prende a atenção do começo ao fim pela história intrincada, que por vezes, é engraçada, e pela forma de conta-la. Vale o quanto pesa.

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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