Aos 30/05 do corrente ano foi realizada online a coletiva de imprensa de lançamento do filme “1982” no circuito brasileiro, dirigido pelo cineasta libanês Oualid Mouaness. Estiveram presentes no evento o diretor do filme, o produtor executivo Jorge Takla e a CEO da produtora Escarlate Joana Henning. Na conversa abordou-se o motivo para a realização do filme; a participação da atriz e diretora Nadine Labaki; a atuação do produtor executivo, a visão da produtora Escarlate sobre seu trabalho com “1982”; qual é público alvo do filme e qual a sua importância para o momento presente.
Logo no início, Jorge Takla define o filme como sendo sobre as pessoas que não escolheram a violência. Que a abordagem do filme versa sobre a administração de uma guerra por mentes e corações inocentes que viviam suas vidas naquele momento. Oaulid Mouaness destacou que o povo libanês é bem diverso em suas origens étnicas e religiosas e que ficou preocupado em fazer o filme pelo fato de existirem outros lados do conflito, e que na 1ª exibição ficou tenso sobre como as pessoas receberiam e como se veriam nele. Disse ainda que, quando fez o filme, embora a história seja a dele (o filme é autobiográfico) ele o fez para todos. “O filme é sobre pessoas comuns e para todos os lados daquele conflito”, disse o cineasta. O longa não se detém no contexto da guerra ou, sequer, toma partido dela, mas é sobre as personagens.
Joana Henning foi perguntada sobre como foi para a produtora Escarlate, distribuir o filme, já que seu portfólio é basicamente, produção. A CEO respondeu que, a empresa sempre atuou em estúdio, construindo soluções para o mercado exibidor, fazendo produção e distribuição. No caso de “1982” é só distribuição. E que a experiência de distribuição na Escarlate tem um corte de curadoria, pois a empresa considera a relevância do conteúdo para constar em seu catálogo. Em relação ao conteúdo do longa, Joana acrescentou que, as guerras invisíveis também interferem no curso da vida em um paralelo com “1982”. Disse ainda que, como distribuidora pós-pandemia, num momento de incertezas, a Escarlate considera um ´privilégio distribuir o longa de Mouaness e que este é um momento feliz para buscar novos novos modelos.
Jorge takla, quando perguntado sobre como foi produzir o longa, disse que não interferiu no roteiro, pois já conhecia o trabalho de Oualid. Entende, também, que a visão desconstruída da guerra está nas relações, e as vítimas mais pontuais são as crianças. E que, vivemos, sim, em guerras invisíveis. A homofobia e as questões sociais são, também, um tipo de guerra. Joana acrescenta que, as camadas que o filme abarca são sutis e a forma com a qual a guerra invade o cenário é pelo som. E isso atinge camadas da percepção sensível, dialogando com diversos conflitos. Conflitos entre os professores, conflitos conscernente à impactação nas crianças, etc.
Como ambos (produtor e diretor) são libaneses foi perguntado como o conflito real relatado no filme impactou suas vidas à época. Oualid respondeu que, como criança, sabia que era real, mas não entendia, apenas sentia. E como os sentimentos são universais ele decidiu fazer o filme para refletir com a sociedade num processo de cura, de olhar para trás com sabedoria. Jorge Takla respondeu que quando morava no Líbano o que percebia era de que as diversidades conviviam muito bem em seus cotidianos. “Eu não sentia perigo, não sabia, os adultos mentem….não éramos criados com diferenças. Quando estourou a guerra eu estava em Nova York e vi todos os meus amigos se espalharem”. Acrescentando que, todos foram procurar uma terra para plantar suas raízes. “A criança tem sempre que achar que o mundo é bom. Aqui estamos bem, o Brasil tem coração de mãe”.
Perguntado sobre como foi trabalhar com a atriz e diretora Nadine Labaki, Ouaid Mouaness respondeu que ela representa muito bem o Líbano. Disse, também, que quando ela recebeu o roteiro gostou muito e representou a verdade na história. Que foi fácil e agradável trabalhar com ela e que as crianças ficavam tão confortáveis que puderam improvisar.
Sobre a influencia de Abbas Kiarostami na obra de Oualid Mouaness o diretor responde que foi influenciado emocionalmente pelo cineasta iraniano. Que a pressão que Kiarostami imprime à imagem era o resultado de ouvir pessoas e de sua forma de ver o mundo e que, quando Kiarostami realizava um filme, ele o fazia para os espectadores escolhendo imagens e palavras e que isso o influenciou bastante..
Quando perguntados (Takla e Mouaness) sobre o que é o filme “1982”, Mouaness responde que é um filme para cada professor e para cada pessoa do mundo. Que é um filme que fala sobre emoções e medos e que o objetivo é que as pessoas despertem para filmes como esse. Que é uma obra para ser exibida nas escolas e que o filme fala em níveis diferentes para pessoas diferentes. Takla acrescenta que as escolas são espaços sagrados.
O longa metragem se encontra em cartaz em circuito nacional desde 02/06.
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