No último sábado (24/10), numa sessão para convidados, no Cineodeon no Rio de Janeiro, aconteceu a exibição do documentário “Betinho: A Esperança Equilibrista”‘ ganhador do prêmio de melhor documentário pelo júri popular no Festival do Rio. Estiveram representadas várias instituições como o Viva Rio, o IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), e diversos movimentos sociais e ONGs. O Cinema e Movimento (C&M) esteve presente e aproveitou a oportunidade para entrevistar o diretor do documentário, Victor Lopes, um cineasta moçambicano, que vive no Brasil há mais de 25 anos e que tem no currículo outro documentário de peso “Serra Pelada: A Lenda da Montanha de Ouro” (2013). Victor conversou conosco acerca do surgimento da ideia de fazer o documentário, seu processo e objetivo, suas espectativas em relação a receptividade e seus projetos futuros.
C&M: Como surgiu ideia de fazer um documentário sobre o Betinho?
Victor: Eu já havia trabalhado com o Daniel Souza antes, fazendo projetos sobre o Ação e Cidadania. Mas sempre deixei claro que queria fazer um projeto sobre o Betinho. É nesse meio tempo aconteceu o convite da Globo Filmes para o documenta-filmes. Foi um processo intenso de pesquisa e garimpo, teve o apoio do CEDOC (Centro de Documentação e Informação) que foi essêncial, do material de vídeo do IBASE, de onde eu tirei essa entrevista preciosa do Alfredo Alves, que foi quem dirigiu a entrevista e juntei tudo isso. Uma responsabilidade histórica muito grande e ao mesmo tempo eu tive que passar por cima de uma reverência, de uma admiração que que tenho por alguém que poderia ser um herói de todas as maneiras.
C&M: Qual o objetivo do documentário?
Victor: O Betinho faria 80 anos, agora dia 3/11. Uma das questões era celebrar esse aniversário, e o que eu acho mais importante que isso, cristalizar a imagem e o que o Betinho representa para a História do Brasil. Eu costumo dizer que ele é o nosso Gandhi, o nosso Mandela. Ele é uma referência de solidariedade, de humanismo e de justiça social que eu acho muito preciosas para o Brasil. Eu acho que o Betinho concentra aquilo que o brasileiro tem de melhor de certa maneira. Um referêncial de homem público é sempre urgente. Sempre trabalho em meus projetos no sentido de permanência e eu acho que esse filme vai ficar muito tempo. Acho que ele dialoga muito bem com esse momento, com os desafios constantes da democracia brasileira e as vitórias da democracia brasileira. Foi nesse sentido que a gente se mobilizou pra fazer esse filme, e ainda, para transmitir as novas gerações quem foi esse homem e como ele foi essencial para todos nós.
C&M: Documentário não é blockbuster, a gente tem um público mais afeito a esse tipo de filme e às comédias, quando a referência é cinema nacional. Qual a sua espectativa em relação a receptividade de público e a exibição?
Victor: Olha, estamos vivendo um momento, talvez, à época de ouro do documentário brasileiro. Com documentários no cinema, com parcerias com a televisão, e eu acho que tem um espaço grande no coração do público brasileiro para documentários. O documentário tem uma longevidade muito grande, ele continua depois em vídeo on demand, e na televisão ele continua a ter sobrevida. Eu acho que no momento atual o contexto de exibição do documentário é bastante positivo.
C&M: vai ser exibido em quantas salas e em quais cidades?
Victor: Vai ser lançado em quatro cidades: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília. A gente ainda está confirmando as cópias. Abrimos nesse circuito depois ele vai para outras praças.
C&M: Lançado o documentário, quais são os seus próximos projetos?
Victor: Estou finalizando um filme sobre a música de Moçambique. Depois quero me dedicar, basicamente a projetos de ficção. Já fiz “As Aventuras de Agamenon, o repórter” (2012) que foi uma comédia muito bem recebida pelo público. Tenho projetos e dramas históricos que eu adoraria fazer. Gosto de filmar com uma vã e gosto de filmar com oito caminhões, para mim é sempre uma experiência profunda com o cinema. Devo, também, abrir uma produtora de conteúdo, já que em paralelo sou professor de desenvolvimento de projetos dentro da indústria audiovisual, e isso tem tudo a ver.
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