Batman vs Superman: A Origem da Justiça

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Batman vs Superman: A Origem da Justiça

Por | 2018-06-17T00:20:34-03:00 25 de março de 2016|Análise cinematográfica|0 Comentários

Batman vs Superman: A Origem da Justiça (Batman vs Superman: Dawn of Justice). (Ação/Aventura/Fantasia); Elenco: Ben Affleck, Henry Cavill, Amy Adams, Jesse Eisenberg, Diane Lane e Jeremy Irons; USA, 2016. 181 Min.

Um dos blockbusters mais esperados de 2016  pelos aficcionados por HQs e super-heróis está entrando em cartaz. Mais uma edição do universo estendido da DC Comics, dessa vez misturando dois personagens bastante antagônicos, o Batman – ser humano comum com o poder do capital – e Superman – ser divinizado com superpoderes – com o objetivo de confronto. Sempre no formato de trindade, ao longo da análise saberemos a possibilidade do porquê, a história mistura enredos – trilogia Batman e Homem de aço -, metáforas constantes nos dois longas e faz um gancho para continuação – Liga da Justiça parte I – regado a muita computação gráfica.

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O longa-metragem dirigido por Zack Snyder e roteirizado por David S. Goyer e Chris Terrio de “Argo” (2012) é inspirado na história em quadrinhos “The Darknight Returns” de Frank Miller (1986), mas totalmente independente em termos de criação de elos com a história que se quer contar, a saber, a da formação dos “Super Amigos”, a oficial Liga da Justiça que teve início com “Homem de Aço” (2013) escrito por Goyer e Christopher Nolan. Por conta desses links e dessa nova abordagem na linguagem cinematográfica – o universo estendido – “Batman vs Superman: A Origem da Justiça” está mais para cinéfilo/nerd do mundo das HQs do que para o espectador esporádico que está acostumado a uma história linear com começo meio e fim e tudo mastigadinho. O longa é o meio da história de uma ‘quadrilogia’ e seu mote principal é a apresentação dos aspectos da história dos dois super-heróis que se digladiam e fazer a cola com o próximo filme apresentando os outros meta-humanos como a Mulher Maravilha, o Flash, o Aquaman e o Cyborg.

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“Batman vs Superman….” faz um passeio filosófico sobre os dois mundos dos personagens. O de Batman enfatizando seu lado sombrio e o poder do capital com metáforas que constam na trilogia dirigida por Christopher Nolan; e o de Superman como ser divino que se apresenta como um messias salvador – as metáforas nesse sentido são espetaculares – e o território que ambos têm em comum a proteção de suas cidades: Gotham City e Metrópolis. São abordados o conceito de justiça de Batman, desconstruindo-o e o de misericórdia de Superman, fazendo o mesmo.

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Essa é a palavra-chave de “Batman vs Superman..” desconstrução. Seguindo a boa e velha linha da mudanças nas histórias de super-heróis ao sabor do tempo e das mídias em que são exibidas, o arcabouço de bonzinho não cabe mais na contemporaneidade, somos dicotômicos e paradoxais e já assumimos isso, então, nossos heróis também tendem a sê-lo. E esse é  o gancho principal de identificação dos dois heróis com o espectador. O outro é Lex Luthor (Jesse Eisenberg) que é questionador, o cara que põe lenha na fogueira e que está soberbo, rouba a cena. Outro aspecto  a ser lembrado é forma de trindade nas ações: Batman, Lex Luthor e Superman, no primeiro momento do filme; e Batman, Mulher Maravilha e Superman, no segundo momento.O que nos remete ao arcabouço messiânico de Superman – bem conhecido dos cinéfilos de plantão.

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Quanto à coluna vertebral da história é bom lembrar que estamos no meio dela. “Batman vs Superman…” é a apresentação dos links pertinentes com os filmes anteriores que o compõem, do Batman: o tormento da morte dos pais de Bruce Wayne, o poder do capital, o estar acima do bem e do mal no melhor estilo Maquiavel em que os fins justificam os meios; e o de Superman: A intervenção do General Zod (Michael Shanon),o questionamento do Superman como possível inimigo da humanidade por conta de seus superpoderes, etc.; e links pertinentes ao próximo filme como o gancho da continuação que é a cereja do bolo do messianismo de Superman.

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Sobre os aspectos técnicos que merecem um olhar mais demorado  o uso da Computação Grafica (CGI) – na verdade um festival -, a trilha sonora e a sustentação da história estão entre eles. O que torna possível a transposição desse enredo dos quadrinhos para o cinema é exatamente a computação gráfica. Tendo como antagonista-mor o Apocalypse (Robin Atkins Downes, através de captura de movimento) que é extremamente  destruidor – inclusive se alimenta da própria autodestruição – é impossível tamanha façanha com realismo sem a CGI. Então nesse aspecto é bem-vindo já que foi criado justamente para isso. Quanto a sustentação da história as agulhas que fazem essa costura são David S. Goyer e Christopher Nolan desde a trilogia Batman, que foi dirigido por Nolan e roteirizado por Goyer; “O Homem de Aço” foi dirigido por Zack Snyder e roteirizado por Nolan e Goyer e “Batman vs Superman” Goyer roteiriza e Nolan é produtor executivo/consultor. Ou seja, a alma da história está mãos da mesma equipe a cinco filmes, e todos bons. Os aspectos não estão soltos, eles estão sendo apresentados,  e faltam dois filmes  para o entendimento final da história que se quer contar – Liga da Justiça Parte I e II -. A trilha sonora é outro destaque, foi dividia entre Hans Zimmer, dos filmes anteriores e Junkie XL de “Mad Max: Estrada da Fúria”, o grande vencedor do Oscar 2016, numa partilha inteligente, Hans ficou com o núcleo do Superman e Junkie com o núcleo do Batman. E funcionou.

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Para fechar, “Batman vs Superman: A Origem da Justiça” é um blockbuster que está inserido dentro da saga do formação da Liga da Justiça e que, pelo seu arcabouço de narrativa, se dirige aos cinéfilos/nerds do mundo das HQs, que não terão dificuldade em fazer as conexões. O espectador esporádico vai ficar perdido no meio de tantas informações e referências, sendo bombardeado pelo Apocalypse misturado a muito CGI e uma trilha sonora avassaladora. Ou seja, alta tatibilidade e entendimento zero. Recomenda-se, para melhorar a experiência assistir em IMAX/3D em uma sala com excelente sistema de som já que o forte não é a história e sim a tatibilidade, o impacto na percepção da luta entre deus e o homem, a divindade e o capital, tudo isso fustigado pelo conhecimento – a arvore do bem e do mal –  personificados em Lex Luthor. Para ajudar a entrar no clima e fazer boas associações para quem não é nerd, ver a trilogia Batman de Christopher Nolan e o “Homem de Aço” de Zack Snyder,  ajuda. No mais o filme é um desfile da nossa capacidade de inventar histórias e muita diversão num lugar só.

Obs: Disponibilizo duas análises cinematográficas sobre os filmes nos quais se baseiam “Batman vs Superman”

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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