O Exterminador do Futuro: Gênesis

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O Exterminador do Futuro: Gênesis

Por | 2018-06-16T23:57:13-03:00 3 de julho de 2015|Análise cinematográfica|0 Comentários

O Exterminador do Futuro : Gênesis (Terminator Genesys). (Ação/Aventura/Ficção-Científica); Elenco: Arnold Schwarzenegger, Emília Clarke, Jason Clarke, Jay Courtney, J.K Simmons; Direção: Alan Taylor; USA,2015. 126 Min.

Assim como “Matrix” (1999/2003) dos irmãos Wachowski foi um marco do cinema, não somente em efeitos especiais, como pela abordagem do tema realidade X virtualidade, que é altamente abstrato e difícil de se imagetizar; “O Exterminador do Futuro: Gênesis”, possivelmente, está no mesmo caminho em relação a abordagens dos conceitos de Multiverso da física quântica e das múltiplas realidades, juntamente com  “Interestelar” de Christopher Nolan. Ao contrário do que se possa pensar, que tudo é somente tática para ganhar público, é também. Pois, as  premissas já citadas estão todas alinhavadas nos filmes anteriores da franquia e que, neste, ganham profundidade de abordagem e de compilação num só produto, sem esquecer da ação e do humor.

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“O Exterminador do Futuro : Gênesis” para ser entendido com propriedade, em seu arcabouço de história, precisa das conexões com os filmes anteriores. Logo, um passeio por eles é bem vindo. O ano de origem desde o primeiro filme é 2.029, (produção de 1984). As máquinas já dominam o mundo e John Connor já conhece a viagem no tempo, tanto que reconhece seu pai, Kyle Reese, quando ele (o pai) tem 10 anos de idade, cuida dele,  o treina e o envia para proteger Sarah Connor (sua mãe) de um cyborg T-800, em 1984. (Aqui). No segundo filme “O Julgamento Final”(1991) o ano da ação é 1997. Sarah Connor está internada como louca e John Connor é adolescente e conhece outro terminator T-800 que o protegerá enviado pelo próprio John Connor do ano de 2029 (segunda realidade). O segundo filme inova comercialmente, com efeitos especiais dos modelos cyborg de liga de metal líquido (T-1000) que vira sensação do momento. Sem ninguém, provavelmente, se ater (talvez nem os roteiristas) que se estava construindo um caminho divagativo para a explosão do tempo/múltiplas realidades simultâneas. Era a segunda tentativa de John Connor de se manter como líder da resistência contra as máquinas. “O Julgamento final” apresenta o dia do começo do domínio das máquinas e seu criador. Confira! Já “A Rebelião das Máquinas” (2003) é o mais comercial deles e com pouco conteúdo novo que faça conexão com a teoria desenhada no “Gênesis”. John Connor já é adulto e o ano é 2017 e descobre-se que o verdadeiro disseminador do controle das máquinas é um software que está sendo criado e que será posto em funcionamento. O duelo é entre máquinas. Veja! No quarto filme, “A Salvação” (2009) tem-se toda a explicação do começo das experiências com androides que se iniciou em 1973 – outro pulo no tempo/outra realidade – e não por acaso, o mesmo ano em que o Guardião (Arnold Schwarzenegger) é enviado para proteger Sarah Connor (Emília Clark), então com 9 anos, em “O exterminador do Futuro: Gênesis”. Na verdade o quarto filme é  o primeiro na linearidade de tempo  – a quebra dessa linearidade  no contar da história se dá na própria sequencia dos filmes e vem se repetir exponencialmente  em “Gênesis”. Este filme é a chave que dá ignição ao processo de infiltração das máquinas na raça humana e o gancho para virada da história na produção de 2015. (Mais)

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Viagens no tempo e  batalhas de homens X Máquina não são novidade no cinema. “De Volta para o Futuro”, “Efeito Borboleta” e outros trabalharam a viagem no tempo brilhantemente. “2001: Uma Odisseia no Espaço”, “A.I: Inteligência Artificial”  dissertam sobre a relação entre os homens e as máquinas. Mas a franquia “O Exterminador do Futuro” durante os últimos 30 anos brincou com o tema das múltiplas realidades e  a chama de teoria – na expressão do Guardião/Papi (Arnold Schwarzenegger) repetida várias vezes… “teoricamente” –  mas a possibilita como uma realidade, mais uma. Todas as realidades, todas as possibilidades dadas nos filmes anteriores convivem com a quebra de paradigma da própria história em “Gênesis”. Se nas anteriores o objetivo era proteger John Connor, já não é mais. Pois havendo múltiplas possibilidades, não há apenas UM destino ou UM futuro, há vários. O que se faz não muda o destino que não existe, mas cria outra realidade. E essa nova subjetivação desconstrói tudo. O próprio personagem principal – o tempo – em sua linearidade não existe mais, tudo acontece ao mesmo tempo. O indivíduo encontra a si mesmo em momentos diferentes de sua existência no mesmo espaçotempo, e interagem entre si. Espetacular!

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Isso nós já vimos em “Lost”, em que os transportes no tempo juntavam o século XIX, a década de 70 do século XX e o século XXI, ao mesmo tempo, um assistindo ao outro. Vimos também em “Interstelar” em que o fantasma que batia atrás da estante era o próprio pai no futuro voltando ao passado, que é o presente (os três tempos juntos). Teorizar essas abstrações num blockbuster é uma ousadia cavalar, é arriscar não ser entendido, pois essas jogadas de tempo são cognitivamente cansativas. Porém, “Gênesis” também é de uma versatilidade  admirável, composto de camadas que contemplam quem gosta de ação, de humor e de reflexões leves sobre relações humanas. Que é o mote da obra. É interessante como “O Exterminador do Futuro: Gênesis” chama público diverso, inclusive, antagônicos no que diz respeito a gênero. podendo ser chamado de blockbuster de físico, não fica refém só de quem gosta de ficção-científica, vai além. E mesmo para quem não viu os filmes anteriores (vai ter vontade de ver) dá para aproveitar a ação e as tiradas hilárias do guardião.

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“O Exterminador do Futuro: Gênesis” não é só um reboot com suas cenas ontológicas – a entrada dos cyborgues no passado/presente, as quebras de vidros e os remakes de  takes marcadores da franquia – é uma repaginação e uma mudança de paradigma na história da luta dos homens contra as máquinas.  Coloca em xeque a obsolescência, que é o princípio de toda a máquina e preconiza a síndrome de Pinochio – fique atento aos olhos do guardião/Papi –  e talvez esteja aí a arma secreta para vencer as máquinas….o caminho de volta (já que o olhar do filme é para trás, para o passado), a volta da humanidade, da imperfeição, do erro, do equívoco, da graça, do sentimento, a infiltração do humano nas máquinas. Gênesis não é só a origem em sua etimologia, ou um nome de software, é uma metáfora de um novo tempo, de uma nova era, na história contada e no renascimento da franquia

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Assim como Matrix serve, hoje, como personagem conceitual para pensarmos sobre realidade X virtualidade, daqui a 20 anos as teorias que são postas de brincadeira em “O Exterminador do Futuro: Gênesis” e em “Interestelar”, possivelmente, serão o ponta pé  para muita conversa séria….“teoricamente”.  “Gênesis” é uma ode à quebra de paradigmas em relação ao arcabouço da história, quando soma todas as possibilidades acontecendo juntas; uma quebra de paradigmas em relação à forma de ver com uma metáfora de imagetização do caos; uma quebra de paradigmas na forma de contar esta história abolindo a linearidade e com idas e voltas no espaçotempo. “O Exterminador do Futuro: Gênesis” é tudo isso….e nada disso. Genial!

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Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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