A Teoria de Tudo (The Theory of Everything). (Biografia/Drama/Romance); Elenco: Eddie Redmayne, Felicity Jones, Tom Prior; Diretor: James Marsh; Reino Unido, 2014. 123 Min.
Ninguém pode ter tudo. Talvez, seja essa uma das possíveis considerações a serem feitas ao apreciarmos a breve história da vida de Stephen Hawking, pelo fio condutor escolhido por Jane Hawking. Que fora sua companheira por vinte e cinco anos e, cuja obra literária foi a base de construção do roteiro do filme “A teoria de Tudo”. A obra cinematográfica conta a história de seu relacionamento com Stephen, que se inicia lá pelos vinte anos de idade, aproximadamente, e vai até o início do segundo casamento de Hawking. Com cenas belíssimas de cotidiano em família, todas as alegrias, dificuldades e desprazeres.
O cerne da questão de “A Teoria de Tudo”, em termos cinematográficos, é o retratado e o ator que o interpreta. Vamos combinar que, ousar uma cinebiografia de ninguém menos que um dos maiores cientistas do século XX , que habita o panteão da glória dos gênios como: Heinsenberg e Einstein, e que ocupa a cadeira que foi de Isaac Newton como professor lucasiano emérito da Universidade de Cambridge, é um desafio e tanto. E com uma história forte, dramática e, ao mesmo tempo, dotado de um humor brincante e motivador.
Quem não conhece o Stephen Hawking dos noticiários sobre ciências, mundo afora, ao menos, já viu suas participações bem humoradas em: “Star Trek: The Next Generation” (1993); nos “Simpsons”; “Dexter’s Laboratory; “The Big Bang Theory”; em uma propaganda do Discovery Channel; na gravação do disco do Pink Floyd “The division Bell” ou mesmo na cerimônia de abertura dos jogos paraolímpicos de verão de 2012. Vítima de uma doença degenerativa, ainda sem cura, a ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica), Stephen Hawking tinha todos os motivos do mundo para ser o ser humano mais infeliz do planeta. E, ao contrário, é uma criatura brilhante, bem humorada e com presença de espírito. E foi isso que Jane Hawking ressaltou no seu livro, quando resolveu contar a história do cotidiano dessa personagem sem igual da vida real.
Quanto as tecnicalidades, o diretor James Marsh é afeito a documentários. Foi oscarizado em 2009 pelo doc “O equilibrista” (Man on Wire – no original). Com “A teoria de tudo” concorre ao Oscar em cinco categorias, dentre elas, melhor filme. Quanto ao roteirista Anthony Mccarten, tem no currículo a animação inglesa “A Morte do Super-Herói” (2011) e em “A Teoria de Tudo” o seu trabalho mais proeminente, até então. Com esse, concorre ao Oscar na categoria melhor roteiro adaptado. A trilha sonora original quem assina é Jóhann Jóhannsson de “Os suspeitos” (2013), pelo qual ganhou o ASCAP Film and Television Music Awards 2014 , e ainda o Globo de outro 2015 de melhor trilha original por “A teoria de Tudo” e ainda está no páreo na disputa pelo seu primeiro Oscar, na mesma categoria. Outros aspectos dignos de menção são a fotografia e o figurino. A primeira é dirigida por Benoit Delhomme de “O Menino do Pijama Listrado” (2008), e o segundo, o figurino, é de Steven Noble. Um primor, que reconstitui a moda inglesa das décadas de 60 a 80 com competência. Por tal foi indicado ao BAFTA 2015. Neste contexto, brilha fulgurantemente Eddie Redmayne, no papel de Stephen Hawking, num trabalho de expressão corporal assustador e digno de aplausos, sem contar a encarnação da energia e do semblante do cientista, que também são memoráveis. Pelo desempenho já abocanhou o Globo de Ouro de melhor ator e é forte concorrente ao Oscar. O filme “A Teoria de Tudo” em sua linha de abordagem de vida e cotidiano de um portador de dificuldades de locomoção, nos remete “As sessões” (2012) de Ben Lewin, em que um indivíduo nas mesmas condições físicas de Hawking procura um lampejo de vida em sua existência.
Em suma, o filme é sobre um cientista, em que o eixo norteador da narrativa o torna igual a qualquer um de nós. Quem quiser saber sobre os feitos acadêmicos de Hawking e suas publicações, vai ter que procurar em outro espaço. Porque “A Teoria de Tudo” é a história de um Stephen Hawlking gente como a gente.
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