Capitão Fantástico

Capitão Fantástico

Por | 2018-06-17T00:40:51-03:00 22 de dezembro de 2016|Resenha cinematográfica|0 Comentários

Capitão Fantástico (Captain Fantastic) (Comédia/Drama/Romance); Elenco: Viggo Mortensen, George Mackay, Samantha Isler, Annalise Basso, Nicholas Hamilton, Shree Crooks, Chelie Shotwell, Frank Langella; Direção: Matt Ross; USA, 2016. 118 Min.

Estrelado por Viggo Mortensen “Capitão Fantástico” é um passeio pela utopia ao mesmo tempo que ovaciona a América como terra de liberdade. Dirigido por Matt Ross é uma viagem pela possibilidade de uma sociedade alternativa através da família de Ben Cash. O longa  apresenta a subversão do sistema, tanto econômico quanto de valores e de relações sociais. É uma versão hippie pós-moderna costurada pelas ideias humanitárias e ativistas de Noam Chomsky.

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Ben Cash (Viggo Mortensen) é pai de seis filhos: Bo (George Mackay), Kielyr (Samantha Isler), Vespyr (Annalise Basso), Rellian (Nicholas amilton), Zaja (Shree Crooks) e Nai (Charlie Shotwell) e os cria numa floresta com atividades cotidianas disciplinares, cognitivas, de entretenimento e de espiritualidade. Cultivando o corpo, a alma e o espírito. A mãe Leslie (Trin Miller) se encontra doente e vem a falecer. Por conta disso a família decide ir até a cidade para o funeral. Esse encontro de duas realidades diferentes é o start para a história do filme e para as possibilidades de reflexões a respeito da liberdade e seus preços, das engrenagens de uma sociedade instituída a partir da mentira e do excesso de proteção.E da viabilidade de convivência de ambas  a partir do respeito pelo outro, suas ideias e seu modo de viver.

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“Capitão Fantástico” traz para discussão o questionamento da hipocrisia (cena do jantar), do vazio das relações, da falta de conhecimento de si mesmo e sobre as redes que nos constitui e  as relações que costuram a estrutura da sociedade alternativa e da sociedade de consumo. E busca uma interseção inteligente entre as duas. Traz à baila a forma de educação dos filhos e mistura a aprendizagem formal com a aprendizagem no cotidiano fora da escola, aborda a alimentação e mostra o choque de valores (cena do supermercado) traçando um painel analógico entre o  “modus vivendi” hegemônico e seu vazio e automatismo com o de uma vida voltada para o crescimento pessoal fora das engrenagens de alienação e servilismo do modo de produção vigente.

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Falado em Inglês com inferências em Esperanto, o filme foi premiado em 10 espaços de exibições competitivas, dentre eles Cannes onde recebeu o Un Certain Regard – Directing Prize e foi indicado ao Globo de Ouro de melhor ator para Viggo Mortensen de “Hidalgo” (2004) e da trilogia “Senhor dos Anéis”. Dirigido e roteirizado por Matt Ross, conhecido por séries de TV como ator, a exemplo de “Silicon Valley”,  o longa tem sua maestria na história e na forma com a qual ela é contada. As situações postas para dar ênfase às questões que se quer abordar são felizes e procedentes. Destacando a cena do funeral de Leslie que é o crème de la créme do filme numa linha de amor, homenagem, respeito e contraposição total aos valores instituídos, sem rancor, sem dor e sem vingança. E possivelmente, a  cena que define o filme inteiro e que diz que a matéria de nada vale de uma forma até contundente, mas o respeito ao desejo do outro e à sua essência é fundamental. (disponível no final do texto). Outro destaque importante é a trilha sonora assinada por Alex Somers que vai de Chopin a Gun’s and Roses passando por “Uncle Noam” de Kirk Ross, numa diversidade que é a cara do longa-metragem.

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O filme que nos diz que é melhor celebrar Noam Chomsky do que Santa Claus versa sobre o preparo para vida e questiona o que é o mundo real, abrindo, inclusive precedentes para questionar a si mesmo. Segue a linha da busca da felicidade e traz para a modernidade uma releitura da academia de Platão tirando de risos largos a lágrimas tímidas. Uma maneira gostosa e menos militante de questionar o sistema. Magnífico!

Recado para o capitalismo selvagem e alienante

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Brinde/Spoiler: Cena do funeral: 

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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