Poltergeist – O Fenômeno (Poltergeist). (Horror/Thriller); Elenco: Sam Rockwell, Rosemarie DeWitt, Kyle Catlett, Kennedi Clements; Direção: Gil Kenan; USA, 2015. 93 Min.
No quesito efeitos do tempo sobre um filme temos ‘n’ possibilidades. Dentre elas a do agigantamento como obra cinematográfica ou a redução ao lugar comum, como mais um na multidão. E parece ser esta última possibilidade o lugar de “Poltergeist – O Fenômeno” de Gil Kenan, que nada mais é que uma refilmagem da primeira versão de 1982 de Tobe Hooper.
A história foi escrita por Steven Spielberg e versa sobre os pesadelos de Griffin (Kyle Catlett) de “Uma história Extraordinária” (2013), que se tornam realidade, no qual a maior vítima é sua irmã mais nova Maddison (Kennedi Clements) de “Um Herói de Brinquedo 2” (2014), no melhor estilo Freud explica. O roteiro original é isso e mais nada. Em 1982 com uma indústria de efeitos especiais (era assim que chamava) incipiente, o que se viu foi extraordinário. Ninguém dormia depois de ver “Poltergeist….” tanto que o filme foi indicado a três Oscares: Melhor efeito visual, melhor edição de som e melhor música. O sucesso foi tanto, na época, que virou uma trilogia: “Poltergeist II – O outro lado” (1986) e “Poltergeist III – O capítulo Final” (1988). Não satisfeitos ainda virou série de TV (1996-1999). Ou seja, deu tudo o que tinha que dar.
Trinta e três anos depois da primeira parte da trilogia, Gil Kenan de “A Casa Monstro” (2006) resolve fazer um reboot juntamente com o roteirista David Lindsay-abaire de “Robôs” (2005). A refilmagem teve um aspecto positivo, foi fiel ao roteiro original, manteve os takes clássicos da primeira versão, e talvez tenha sido essa a questão. As épocas são diferentes, os estímulos, os contextos, então, a história ficou num lugar comum. As novidades foram só os dispositivos eletrônicos que facilitaram a busca de Maddison, e inseriram a história no século XXI, e a troca dos nomes das personagens, mas o resto todo estava lá. Para quem assistiu a primeira versão o filme é um deleite, mas para as novas gerações….virou comédia. Do que se tinha pavor em 1982, hoje se ri na sala escura. Outro adendo importante, com toda a tecnologia atual, rever Poltergeist só nos faz valorizar o que foi feito, quase que artesanalmente, naquela época, em termos de efeitos visuais.
Diz o ditado popular que “Um raio não cai no mesmo lugar duas vezes” no caso de Poltergeist seriam quatro vezes, realmente não dá. Não é todo mundo que é George Miller. A saga do remake dos pesadelos infantis de Gil Kenan rende algumas homenagens ou remetências a outros filmes do gênero como: “O Brinquedo Assassino” (1988), “Horror em Amityville” (1979), “O exorcista” (1973) e “O Iluminado” (1980), mas resume-se a uma ópera de clichês do gênero. Mesmo com um diretor de arte conhecido como Martin Gendron de “O Aviador” (2004) e o diretor de fotografia Javier Aguirressarobe, figurinha carimbada nos filmes de Woody Allen (“Blue Jasmine” e “Vicky Cristina Barcelona”) e os produtores de “O Grito” (2004) – que também é reboot da versão japonesa – não foram suficientes para salvar lavoura.
Agora, como em tudo sempre se aproveita alguma coisa, o filme é um excelente personagem conceitual para pensarmos sobre a mentalidade da década de 80, a forma com a qual se assistia aos filmes e o que esperávamos deles. O que mudou que, o que nos assustava não nos assusta mais? A questão é o tema? a forma de contar a história? a diferença entre as tecnologias de impactação da percepção, que hoje é cavalar? Bem, fazendo ilações: se for o tema, possivelmente, estejamos ficando cruéis; se for a forma de contar a história, provavelmente, estejamos ficando exigentes; e se for a impactação, talvez estejamos ficando anestesiados. Pra pensar!
No fim, o que resume a ópera é que “Poltergeist- O Fenômeno” foi promovido a filme de televisão e, quicá, da sessão da tarde. Pra quem viveu o de 1982 é uma pena!
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