Romeu e Julieta

Por | 2018-06-17T00:42:26-03:00 3 de dezembro de 2016|Resenha cinematográfica|0 Comentários

Romeu e Julieta (Branagh Theatre Live: Romeo and Juliet) (Romance); Elenco: Richard Madden, Lily James, Derek Jacobi, Meera Syal, Sam Valentine; Direção: Benjamin Caron; Reino Unido, 2016. 

Ultimamente a fusão de suportes tem sido um grande popularizador de obras clássicas de gêneros que não chegavam ao grande público, como a ópera, por exemplo. Agora é a vez do teatro. Produzida pela Companhia de  Teatro de Kenneth Branagh e distribuida pela Picture House Entertainment, responsável pela distribuição de espetáculos como “Ballet Bolshoi” e “Royal Opera House” para o cinema, chega ao público cinéfilo, com apenas uma exibição, “Romeu e Julieta”. A peça é dirigida pelo próprio Kenneth  e Rob Ashford e a filmagem por Benjamin Caron de “The Crown” (2016). Que mantém toda a estrutura teatral, com a câmara parada e o intervalo de 20 min, já que a obra chega perto das 4 horas de exibição.

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Kenneth Branagh é um dos mais importantes intérpretes de Shakespeare da atualidade e como diretor já adaptou várias peças do autor inglês para o cinema, como: Henry V (1989), “Muito Barulho por Nada” (1993) e “Hamlet”(1996). E Shakespeare dá um bom caldo para adaptações cinematográficas por possibilitar a riqueza nas atuações, no figurino, na direção de arte e na fotografia. Recentemente tivemos “Macbeth” com Michael Fassbender que nos premiou com tudo isso. Dando continuidade ao movimento de popularização de William Shakespeare iniciado por Peter Brook desde de 1946, que à frente da Royal Shakespeare Company trouxe para os ingleses as maioria das peças do autor, entre elas a polêmica e antológica “Titus Andronicus” (1958).  Kenneth inova, como fez com “Winter’s Tale” e traz para o público do cinema a mais conhecida história de Shakespeare “Romeu e Julieta” misturando os dois suportes, sem que um interfira no noutro. E esse é  o grande mote do filme, com a câmara parada à la Lumière o espectador é posto dentro de um teatro assistindo a tradicional tragédia shakespeariana com ares de James Dean, em P&B  numa produção muito bem feita.

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Kenneth não só inova na mistura de suportes, ele tira o peso de tragédia insere a vibe de romance e acrescenta umas pitadas de comédia com um certo ar de musical e ambienta tudo isso na década de 50 com um ‘q’ que “La Dolce Vita”. A já conhecida história do casal de apaixonados das famílias Montecchio e Capuletto ganhou figurino novo e uma movimentação mais ligeira sem perder o rebuscado vocabular e a musicalidade da poesia. Acrescentando- se a tudo isso as atuações esplendorosas de Richard Madden (Romeu), Lily James (Julieta) e Derek Jacobi (Mercutio).

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Em comemoração aos 400 anos de  falecimento de William Shakespeare (1564-1616) não haveria presente melhor do que lembrar a data com uma produção de qualidade nos moldes originais, misturando linguagens e sendo trazida para o grande público a preços módicos e com o conforto de uma sala de cinema. “Romeu e Julieta” é uma releitura que aproxima a história do espectador sem perder a pompa e a riqueza de seu floreamento. “Romeu e Julieta” é uma mistura poderosa e erudita de Teatro com cinema e de Branagh com Caron diretamente do Garrick Theatre. É uma produção alto nível para quem gosta de Shakespeare, teatro e cinema.

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  • A apresentação será no dia 05/12/2016 nas redes Cinemark e Cinépolis.

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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