Steppe Man

Por | 2017-11-15T18:20:25-03:00 15 de novembro de 2017|Resenha cinematográfica|0 Comentários

Steppe Man (Çölçü) (Drama); Elenco: Salome Demuria, Vidadi Hasanov, Javidan Mammadly. Vüsal Mehraliyev, Bahruz Vagifolgu; Direção: Shamil Aliyev; Azerbaijão, 2012. 80 Min.

Ganhador do prêmio de melhor narrativa no Calcutta International Cult Film Festival* (CICFF)  de Março de 2017 “Steppe Man” é uma produção azerbaijana de 2012 que desde seu lançamento vem sendo exibida em festivais mundo afora, por cinco anos. O longa-metragem dirigido por Shamil Aliyev traz para o espectador o movimento da vida através do cotidiano de um criador de camelos numa estepe, longe da cidade grande, e faz um recorte de tempo longo, aproximadamente 20 anos. Ressalta a simplicidade e aquilo no qual todos nós somos iguais, independente da etnia, da cultura ou da época histórica, a necessidade das conexões de afeto.

A história baseia-se na rotina repetitiva de um pai viúvo que cria seu filho só e amargurado numa estância de criação de camelos, ressaltando os aspectos culturais de sua educação. O filho cresce na calmaria da propriedade. Até que um dia seu pai falece e ele tem que se haver com a vida sozinho.  Um dia encontra uma mulher fugitiva da cidade com uma outra realidade e costumes, interpretada por Salome Demuria. Não tendo para onde ir, a mulher vai ficando e se aproximando do cotidiano da estância e do homem da estepe. O longa versa sobre a lentidão da vida e suas repetições, ao mesmo tempo que, sobre sua complexidade e  riqueza. O recorte de tempo é de duas gerações e mostra o ruído e a integração entre a tradição e a modernidade.

“Çölçü” (no original) é um filme, marcadamente, cultural que enfatiza nossas semelhanças, independente das diferenças instituídas. Tocante em seus silêncios, o filme é um manjar para quem gosta de refletir sobre a grandeza das diferenças, o quanto ela tem a nos oferecer em aprendizado e o quanto a vida se impões para além de nossos planos. Escrito por Vidadi Hasanov, que faz o pai, e dirigido por Shamil Aliyev do documentário “Iz Gala” (2010) que versa sobre o desaparecimento da Etnia Village Gala; o longa tem uma característica que chama a atenção, a sua equipe técnica não é conhecida internacionalmente ou premiada como se costuma ovacionar, são todos, à exceção de Salomé Demuria, profissionais com trabalhos locais, alguns estreando na função como o o roteirista e o diretor de arte. O trabalho competente conseguiu ser visto e respeitado em festivais importantes, como: o da Ucrânia em 2013; o Mundi International Film Festival da República Tcheca (2013); em Madri, no seu Festival Internacional em 2014; foi seleção oficial, também, no Bucharest Film Festival em 2016 e, este ano exibido em Chicago no Blow-Up International Film Festival Arthouse Film Festival e, enfim, em março deste ano levou o prêmio de melhor narrativa no CICFF.

Com tanto barulho partindo de uma produção simples, forte em conteúdo e vindo de um país que não tem tradição em cinema, não dava para não falar de “Çölçü” e compartilhar com os leitores do Blog Cinema e Movimento o que o cinema anda fazendo por aí. Esse instrumento poderoso de diluição das barreiras idiomáticas e culturais que, no caso de “Çölçü” ainda nos mostra que não são necessários os dólares americanos para fazer sucesso. Pois o longa azerbaijano pela sua jornada e perseverança  já é um sucesso dentro do seu nicho, e está disponível na plataforma Vímeo para o público em geral. É uma obra para ser  apreciada  sem moderação.

*Sobre o Calcutta International Cult Film Festival é um festival online como o  My French Film Festival  só que ele é mensal, com categorias bem peculiares como: Web and New Media;  Mobile film; Drone films;  Films on Desabilities Issues; Educational Film; Silent Film, e outras que não se vê em outros festivais. É bastante inusitado.

  • O link do filme, de acesso público, foi nos enviado por Sr. Shamil Aliyev e disponilizamos aqui para os leitores do Blog Cinema e Movimento com os devidos agradecimentos ao Sr Aliyev pela preferência (filme completo)
  • Confira o making of (Aqui!)

 
 
 

Sobre o Autor:

Editora do site Cinema & Movimento e crítica cinematográfica

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