Sully – O Herói do Rio Hudson (Sully) (Drama/Biografia); Elenco: Tom Hanks, Aaron Eckhart, Anna Gunn; Direção: Clint Eastwood; USA, 2016. 96 Min.
Clint Eastwood quando aceita uma empreitada vai até o fim e sabe fazer uma boa abordagem. Seja na seara das emoções, com em “As Pontes de Madison” (1995) e “Menina de Ouro” (2004), ou na de heróis como no caso de “Sniper Americano” (2014). Não importa o quanto sejam polêmicas, o cineasta é bom em persuasão e no uso da retórica. Em “Sully” (no original) essas são as palavras-chave. Tanto na história quanto na relação com o espectador. A narrativa gira em torno da aquaplanagem de um airbus A320 no rio Hudson em 2009 salvando 155 passageiros e toda a tripulação.
Chesley Sullenberger, piloto de voos comerciais com mais de vinte mil horas de experiência, ficou conhecido mundialmente em 2009 ao pousar emergencialmente no rio Hudson, em Nova York no dia 15 de janeiro. A história rendeu um livro escrito pelo piloto e por Jeffrey Zaslow, colunista do Wall Street Journal e publicado no Brasil pela intrínseca. E agora um filme estrelado por Tom Hanks e dirigido por, ninguém menos que, Clint Eastwood.
A forma de condução dessa história, cujo desfecho é conhecido, é no mínimo interessante: o olho do furacão – a quase tragédia – em seguida, dúvidas, a influência da imprensa na opinião pública que pôs em xeque o ato heróico e os interesses da seguradora. De um lado o herói – alma da cultura americana – de outro os vilões: o sensacionalismo, o contra-argumento e a tentativa de descredibilização. E nesse embate, Todd Tomarnicki (roteirista) conta a história de um profissional experiente que teve presença de espírito para tomar uma decisão importante em segundos e ter apenas 208 outros segundos para executá-la.
Bem sabemos que o talentoso diretor vencedor de quatro Oscares e que, tem filmes ecléticos em seu currículo – de westerns a romances – transforma a história mais insossa em algo palatável. No caso de “Sully – O Herói do Rio Hudson”, nem precisou. Por si só o episódio já tem mil nuances a serem trabalhadas e a que Clint escolheu não poderia ser melhor: a investigação dos porquês do acidente e se não haveria uma maneira mais segura de ter salvado a vida dos passageiros. Além de enfatizar o herói e inflar a cultura americana, como bom republicano que é, não podia de deixar de ostentar a bandeira norte-americana onde pudesse.
Quanto as tecnicidades, o forte são o roteiro escrito por Todd Komarnicki de “A Estranha Perfeita” (2007) e a produção de arte esmerada que, comparando com as cenas reais das reportagens da época, não deixou a desejar (confira nos links ao final do texto). Mas o ponto alto foi a composição musical do tema do filme, a música “Flying Home”, ter sido feita pelo próprio Clint em parceria com Tierney Sutton, inovando do alto de seus 86 anos. O filme foi premiado no AFI Awards com o Filme do Ano; no Hollywood Film Awards com o Ator do Ano para Tom Hanks e figura na lista dos 10 melhores da National Board of Review.
“Sully – O Herói do Rio Hudson” é uma produção comercial com pegada de Blockbuster que ovaciona a cultura americana e tem no elenco o queridinho da América. Mas não deixa de ser um start para pensamos a mania que temos que desfazer dos feitos e proezas alheios, principalmente, quando por trás de tudo reside o vil metal. O filme é uma boa pedida para a valorização de competências. Em tempo: não saia da sala antes dos créditos finais, o verdadeiro Chesley Sullenberger, sua tripulação e os passageiros do voo, são apresentados ao final. Clint total.
Saiba mais:
Reportagens da época (Aqui!) e (Confira!)
Simulação do acidente: (Veja!)
- Editado 17/12/2016
Gostei muito da sua revisão, pensei que fosse um excelente filme. A verdade ultrapassou as minhas expectativas, Clint Eastwood adaptou a história de uma maneira impressionante, colocando como evidencia que era o diretor indicado para o filme Sully. Faz pouco tempo que vi o filme e fiquei encantado, esta muito bem feito e muitas das cenas que fazem são ótimas. O trabalho de Clint Eastwood é excepcional, seu estilo e personalidade estão bem marcados neste filme, acho que ninguém teria feito um melhor trabalho que ele.