Terremoto : A Falha de San Andreas (San Andreas); (Ação/Drama/Thriller); Elenco: Dwayne Johnson, Carla Gugino, Alexandra Daddario, Paul Giamatti, Ioan Gruffudd; Direção: Brad Peyton. USA. 2015. 114Min.
O mais recente filme de Brad Peyton versa sobre uma crença popular existente em San Francisco, plenamente possível à luz da geologia, que diz que um dia a cidade se partirá em duas. Inseridas as premissas científicas através da personagem de Paul Giamatti (Dr. Lawrence) e uma linha superficial de reflexão sobre coragem e covardia, altruísmo e egoísmo; o resto é CGI, muito clichê e Plot Twist. Inegável que o filme diverte, mas até isso se torna um tempero indigesto dada a realidade recente do Nepal que, quer admitamos ou não, inconscientemente gera certo incômodo e compromete a aceitação e até a análise. Mesmo pertencendo ao nicho do entretenimento chamado cinema catástrofe, “Terremoto – A Falha de San Andreas” talvez não tenha dado a sorte de estar no lugar certo na certa.
O cinema catástrofe é quase uma designação oficial de gênero e fascina a todos nós com suas ilações vultosas partindo de possibilidades, quase sempre, reais. “2012” versa sobre o super aquecimento da terra, “Independence Day” (1996) fala acerca de uma provável invasão alienígena, ” The day After” (1983) traz fabulações sobre a sobrevivência após um evento nuclear e ” O dia depois de Amanha” (2004) disserta sobre o derretimento das geleiras, e por aí vai. “Terremoto – A Falha de San Andreas” baseia-se na acidente geográfico, visível a olho nu, que corta latitudinalmente a costa oeste do EUA, e que são os limites entre duas placas tectônicas distintas – a do pacífico e a americana – e aventa a possibilidade real de que estas se movimentem – como aconteceu em 1906, dentre outras vezes, mas sendo esta com um número de vítimas muito maior que as demais. Baseado em tudo isso André Fabrizio e Jeremy Passmore de “O príncipe” (2014) escreveram sua história, e Carlton Cuse de “Lost”, pelo qual ganhou o Primetime Emmy (2005), roteirizou.
O argumento é bom, mas pouco aproveitado. Pois, o filme não é costurado por histórias, como em “2012” e não possui metáforas ou ilações de possibilidades de reflexões nem sobre o que se propõe, que é o altruísmo X o egoísmo. Aparentemente objetivou a cinestesia, a sensação, o sentir-se claustrofóbico e desesperado. Disponível no formato 3D se apresenta como uma viagem pelo vale da sombra da morte com Dwayne Johnson ( Ray) de “Velozes e Furiosos” como socorro bem presente na angústia, já que é um piloto de resgates impossíveis, pertencente a uma espécie de esquadrão de elite.
Mas o cara que fez a diferença para o que, possivelmente, se propositou “Terremoto – A Falha de San Andreas” foi o diretor de arte Charlie Revai que tem no currículo “Matrix – Revolutions” ( a trilogia que foi um dos marcos de efeitos visuais no cinema em sua época), “A viagem” (2012) um espetáculo visual que vai desde as eras pré-históricas a um futuro inimaginado, e “Superman – O Retorno”. Ou seja, investiram naquilo que acharam importante, apostaram no carisma de Dwayne Johnson e esqueceram da história. E ainda deram ao azar do lançamento ser depois de uma tragédia homérica, na mesma modalidade, no Nepal. O que causa desconforto no quesito diversão, embora ele tenha um tempero bacana nessa área: as piadas, as tiradas engraçadas e até o uso exacerbado de clichês e Plot Twists que fazem parte da onda de ironia e deboche sobre o gênero catástrofe, e neste aspecto, mandaram muito bem. Mas, não foi suficiente. Porém, se de tudo não agradar durante a exibição, no final a execução de Califórnia Dreamin, na voz de Sai, é um belíssimo consolo.
Pra fechar, “San Andreas” (no original) tem um argumento bom, uma cinestesia respeitável, faz deboche com o gênero, é temperado com diversão, mas nasceu de 10 meses. Se tivesse vindo antes, não mudaria seu arcabouço, mas, talvez, sua receptividade. Caricato, o filme desmorona literalmente.
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